Dele Alli. O melhor jovem na Europa em 2015-16

Há um facto irrefutável quanto às equipas inglesas: gastam muito, mas nem sempre bem. O caso do Manchester United, que após dois anos de investimentos estratosféricos não foi além da conquista de uma Taça (além de ter falhado redondamente na Champions League), é um exemplo cabal da situação dos emblemas do país cuja capital é Londres. Manchester City, Chelsea, Liverpool, Newcastle, enfim, é um número incontável de situações em que o dinheiro não trouxe felicidade aos que nele confiavam. Em White Hart Lane, porém, este ano foi demonstrado, uma vez mais, a capacidade de abordagem ao mercado que os dirigentes do mítico clube londrino possuem. Apesar do preço algo excessivo que foi pago por Son (30 M€), os “Spurs”, por apenas 16 M€, contrataram aquele que viria a ser um dos melhores centrais da época, Toby Alderweireld e ainda o melhor jovem de 2015/16, Dele Alli, que estava no MK Dons, das divisões secundárias de Inglaterra.

A um jogador de 19 anos pede-se que evolua; sem “pressas”, com a maior calma possível, ainda para mais quando nos referimos a um centrocampista, uma posição para a qual é exigida uma maturidade assinalável. Dele Alli, contudo, desde o primeiro instante em que pisou os relvados com a camisa do Tottenham vestida demonstrou que já tinha tudo o que era necessário para ser titular absoluto. Depois de nas 4 primeiras partidas do ano ter realizado 3 jogos na condição de suplente utilizado (tendo completado, ainda assim, muitos minutos), segurou um lugar no onze que, exceção feita a situações esporádicas, manteve até ao término da temporada. Fazendo bom uso da sua extraordinária envergadura (1,88 m), o jovem inglês conseguiu singrar no exigente campeonato britânico, revelando qualidades que vão muito além dos aspetos físicos: inteligência acima da média, capacidade de decisão, de circular a bola, nível de passe e golo. Tendo participado em 46 partidas, acabou por ser um dos elementos mais utilizados por Mauricio Pochettino, contribuindo decididamente para a boa campanha dos “Spurs” na Premier League (somou 10 golos e 9 assistências nesta prova).

A escassos momentos do início do Europeu, a Inglaterra surgirá, como vem sendo hábito, como a seleção incógnita do certame. Além das frágeis participações nas últimas grandes competições de nações (desde 1996, quando receberam o Euro, que os britânicos não atingem as “meias”), “os Três Leões” surgirão com uma equipa desgastada devido à intensidade (a nível de jogos disputados e carga física) da temporada. Por outro lado, a qualidade individual dos convocados é sobejamente conhecida, bem como a juventude dos mesmos, permitindo aos ingleses sonhar com uma brilhante prestação, com o “veterano de 20 anos” Dele Alli a assumir o balanço da equipa no meio campo.

Outros jovens merecem uma menção pelo que realizaram ao longo de 2015/16. Rashford, em 6 meses, passou dos sub-18 para a convocatória de Roy Hodgson enquanto Martial superou a desconfiança inicial, motivada pelo elevado preço da sua aquisição, para se assumir como avançado para o presente e futuro do Man. United; Iheanacho apontou, surpreendentemente, 14 golos ao serviço do Manchester City; Saúl Ñíguez foi um dos fenómenos da temporada e Giménez esteve seguro; Weigl impôs-se incrivelmente no Borussia de Tuchel; Coman conquistou a confiança de Guardiola, exibindo-se a grande nível; Kimmich efetuou 36 partidas no mais poderoso emblema alemão; Leroy Sané despertou a cobiça de meia Europa após uma temporada brilhante; Donnarumma tornou-se no “nº 1” no histórico AC Milan; Renato Sanches transformou o Benfica e proporcionou uma transferência milionária.

Visão do do Leitor (perceba melhor como pode colaborar com o VM aqui!): António Hess

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