Demonstrar quem é que (ainda) manda

Depois do sucesso ímpar que a Espanha obteve nos Europeus de 2008 e 2012 e no Mundial'2010, vencendo os 3 torneios com uma ideia de jogo firme e consolidada e com uma extraordinária geração de jogadores, o Mundial do Brasil foi uma espécie de fim da linha. O fracasso foi estrondoso, e isso levou a 2 anos de fogo cerrado em todas as tertúlias em redor da La Roja, não só no que toca à figura de Del Bosque mas também de vários jogadores. Assim, a bicampeã europeia chega a França privada de referências da geração dourada como Xavi, Xabi Alonso, Villa ou Torres (todos haviam estado presentes no Brasil), sendo ainda de realçar que nomes que fizeram parte das grandes conquistas da selecção, como Puyol, Arbeloa, Mata, Cazorla, Jesus Navas ou Llorente deixaram também de fazer parte dos convocados. Assim, é legítimo falar na abertura de um novo ciclo, ainda que Casillas, Sérgio Ramos, Piqué, Busquets, Silva ou Iniesta asseguram uma "transição pacífica" e assente em pilares do êxito recente. É, então, com um misto que sensações que Espanha olha para o certame em terras gaulesas: por um lado, com o optimismo de quem é bicampeão, conta com jogadores que já ganharam tudo e outros em excelente momento de forma, com destaque  para Nolito, que tem sido o melhor jogador da fase de preparação; por outro, grande parte da afición não esqueceu o desastre brasileiro, colocando dúvidas em relação a Del Bosque, sentindo a falta de referências que já não estão ou criticando opções da convocatória (a exclusão da estrela em ascensão Saúl, do melhor marcador da fase de qualificação Paco Alcácer ou de Diego Costa serão as mais constestadas). Inserida no Grupo D (um dos mais fortes), com Croácia, Turquia e República Checa, o objectivo é claramente fazer história conseguindo uma fantástica terceira vitória consecutiva em Europeus e apagar assim a má imagem deixada no Brasil.

A estrela: Andrés Iniesta -  Um dos melhores jogadores europeus de sempre, que já ganhou tudo o que havia para ganhar e que aos 32 anos continua com uma qualidade deslumbrante. Dono de uma técnica refinada (roubar-lhe a bola é tarefa quase impossível), a idade tem-lhe feito mudar um pouco o seu jogo, passando a actuar um pouco mais atrás, participando na circulação em zonas mais recuadas (mesmo defensivamente nas duas últimas temporadas tem um contributo essencial). Em 2012 foi talvez o melhor jogador do Europeu, e quererá repetir a proeza e ganhar um lugar ainda maior na história do futebol.

XI base: De Gea; Juanfran, Piqué, Sergio Ramos, Jordi Alba; Busquets, Cesc Fàbregas, Iniesta; Silva, Nolito, Morata

Jogadores-chave: Sergio Ramos (defesa-central, Real Madrid, 30 anos) - Um dos poucos jogadores que foi titular em 2008, 2010 e 2012 mantém um estatuto fundamental na selecção, à qual chega agora depois de mais um sucesso europeu pelo Real no qual foi decisivo. Homem que sempre diz presente nos grandes momentos, muitas das esperanças da La Roja passam pela solidez da sua dupla com Piqué; Sergio Busquets (médio-defensivo, Barcelona, 27 anos) - Muitas vezes desvalorizado, ignorado em prémios ou distinções individuais, mas soma épocas atrás de épocas a um nível descomunal, sendo a referência maior na sua posição. Tacticamente impecável, sempre bem colocado, conjuga a tarefa de tampão com a de distribuidor como nenhum outro no mundo. Se jogar ao máximo nível dificilmente a selecção não dominará os encontros; David Silva (médio-ofensivo, Manchester City, 30 anos) - Representa como poucos o estilo que levou o futebol espanhol ao topo do mundo: técnica, tomada de decisão, inteligência e visão de jogo como meios para contornar um físico longe e ser portentoso. Esta época no City não atingiu o seu esplendor futebolístico, mas num torneio curto como o Europeu pode muita bem ser a luz que traz as ideias para o colectivo resolver os problemas que se vão colocando durante os jogos.

Jovem a seguir: Álvaro Morata (avançado, Juventus, 23 anos) - O jogador formado no Real Madrid cresceu muito em Itália, somando minutos e títulos, mas está ainda uns degraus abaixo do máximo nível mundial (ainda não se conseguiu tornar titular indiscutível na Juve). Numa altura em que o seu futuro é uma indefinição (o próprio admite que tanto pode continuar em Turim, regressar a Madrid ou rumar, por exemplo, à Premier League), o Europeu pode ser a montra perfeita para provar que nada deve aos melhores do mundo e assim ganhar cotação tendo em vista a próxima época.

Prognóstico VM - Finalista vencido

Convocatória:Guarda-redes: Iker Casillas (FC Porto), David de Gea (Manchester United), Sergio Rico (Sevilla); Defesas: Juanfran Torres (Atlético Madrid), Héctor Bellerín (Arsenal), Sergio Ramos (Real Madrid), Gerard Piqué (Barcelona), Marc Bartra (Barcelona), Mikel San José (Athletic), Jordi Alba (Barcelona), César Azpilicueta (Chelsea); Médios: Sergio Busquets (Barcelona), Bruno Soriano (Villarreal), Andrés Iniesta (Barcelona), Cesc Fábregas (Chelsea), David Silva (Manchester City), Thiago Alcántara (Bayern), Koke (Atlético Madrid); Avançados: Álvaro Morata (Juventus), Aritz Aduriz (Athletic Club), Pedro Rodríguez (Chelsea), Nolito (Celta), Lucas Vázquez (Real Madrid).

PS - Com o Euro'2016 quase a começar, a UEFA também criou um Fantasy em tudo semelhante ao das provas de clubes (este até parece estar mais funcional). Para se inscreverem na nossa Liga terão que fazer o registo no site da UEFA e depois criarem a vossa equipa (aqui). Após terem montado o plantel, clicam no separador "Leagues", e introduzem o código no 64264PZB no "Join a League".

Grupo A:
Roménia
Albânia
Suíça
França
Grupo B:
País de Gales
Rússia
Eslováquia
Inglaterra
Grupo C
Alemanha
Ucrânia
Polónia
Irlanda do Norte
Grupo D
Espanha
República Checa
Turquia
Croácia
Grupo E
Bélgica
República da Irlanda
Suécia
Itália
Grupo F
Portugal
Islândia
Hungria
Áustria

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