Um estreante que pretende dignificar a nação

86 anos após a sua entrada em cena no panorama da FIFA, a Albânia consegue neste Euro 2016 a sua estreia em grandes competições. Num país assolado por diversas crises políticas e sociais ao longo de décadas, o desporto na Albânia sempre foi considerado um fenómeno menor. Futebolisticamente, um campeonato sem qualquer expressão, não ajuda igualmente na formação de jovens talentos e de técnicos que possam dar um impulso à modalidade, sendo que a maioria dos jogadores que compõe esta Selecção, actuam no estrangeiro e muitos deles fizeram a sua formação integralmente em países com forte presença albanesa (Alemanha, Suiça, Sérvia, Itália…) Curiosamente foi um italiano, antigo técnico da Udinese, Gianni Di Biasi que elevou o futebol albanês para um nível nunca visto. Habituados a serem um dos patinhos feios do futebol europeu, praticando mau futebol e vendo muitos dos seus potenciais jogadores selecionáveis a optarem por outros países, Di Biasi apresentou um projecto para vários anos, que contemplava a definição de um modelo de jogo, e a retenção por parte da Albânia dos seus melhores jogadores, fazendo-os optar pela nacionalidade albanesa. Após uma qualificação para o Mundial de 2014, onde o plano de Di Biasi começou a ganhar forma e a apresentar resultados, foi contudo nesta qualificação para o Euro 2016, que os albaneses, inseridos no grupo de Portugal (a quem venceram) fizeram história, utilizando um sentido colectivo acima da média e um espírito de sacrifício que é notório, por forma a disfarçar as evidentes lacunas técnicas. Inserida no Grupo A, com a França, a Suiça e a Roménia, a Albânia procurará surpreender e oferecer ao seu povo a continuação do sonho desportivo que têm vivido.

A estrela: Lorik Cana - Não dispondo de um jogador de inquestionável qualidade, o seu capitão é de facto a unidade mais experiente e importante. O antigo jogador do Marseille e da Lazio, agora ao serviço do Nantes, continua a apresentar uma produtividade acima da média. Titular indiscutível na Selecção e no clube francês, o antigo médio defensivo ocupa agora uma posição mais recuada, liderando o eixo defensivo da equipa albanesa. A sua capacidade de liderança, agressividade e sentido posicional, fazem de Cana o jogador à volta do qual toda a estratégia da equipa é montada.

11 Base: Berisha; Hysaj, Ajeti, Cana, Djimsiti, Lenjani; Xhaka, Kukeli, Abrashi, Gashi; Cikalleshi.

Jogadores Chave - Elseid Hysaj (defesa direito, Napoli, 22 anos): O jovem lateral direito do Napoli foi uma das agradáveis surpresas da Serie A esta época, pela forma como pegou de estaca numa equipa que lutou pelo título. Sendo uma das maiores transferências envolvendo um jogador albanês, quando mudou do Empoli para o Napoli acompanhando o seu treinador Sarri, Hysaj conseguiu destronar os reputados Maggio e Zuniga, fruto de uma tremenda agressividade, de uma maturidade invulgar e de uma capacidade táctica que lhe permite adaptar facilmente a vários esquemas tácticos, sendo igualmente produtivo num esquema de 2 ou 3 centrais. Taulant Xhaka (médio, Basel, 23 anos): Mais um dos jogadores criados em território suíço tal como o seu irmão a estrela suíça Granit Xhaka, o jovem do Basel foi um dos jogadores que Di Biasi conseguiu convencer a optar pela Albânia. Defesa direito de formação, foi no meio campo que encontrou o seu melhor lugar, sendo o motor da equipa e um jogador importantíssimo na recuperação. Amir Abrashi (médio centro, Friburgo, 26 anos): Tecnicamente o jogador formado na Suiça no Grasshoppers, é dos mais evoluídos da equipa. Médio de grande raio, capaz de jogar a 10 ou a 8 (onde se sente mais confortável), Abrashi é um box to box moderno, com golo e boa meia distância.

Jovem a seguir - Milot Rashica (extremo, Vitesse, 19 anos): A carreira do jovem extremo albanês tem sido absolutamente metórica. De origem kosovar, Rashica saiu do modestíssimo FC Vushtrria no Kosovo, com apenas 18 anos rumo ao Vitesse. Na sua primeira época, o jovem não só garantiu a titularidade na Liga holandesa, como chegou ao final da Liga com 8 golos marcados e várias assistências. Apreciador de Cristiano Ronaldo, Rashica faz da velocidade a sua principal arma, tendo um remate fácil e uma grande capacidade de improviso. A sua explosão esta época fez com que chegasse a internacional já no pós qualificação, obrigando Di Biasi a conceder-lhe um lugar no lote para França. Não devendo ser titular em função da rigidez táctica da Albânia, certamente que Rashica será a principal arma a sair do banco para agitar os jogos.

Prognóstico VM - Fase de Grupos.

Lista de pré-convocados: Guarda-redes: Etrit Berisha (Lazio), Alban Hoxha (Partizani), Orges Shehi (Skënderbeu); Defesas: Lorik Cana (Nantes), Arlind Ajeti (Frosinone), Berat Djimsiti (Atalanta), Mërgim Mavraj (Köln), Amir Rrahmani (Split), Elseid Hysaj (Nápoles), Ansi Agolli (Qarabag), Frederic Veseli (Lugano), Naser Aliji (Basileia); Médios: Ledjan Memushaj (Pescara), Ergys Kaçe (PAOK), Andi Lila (Giannina), Migjen Basha (Como), Odise Roshi (Rijeka), Burim Kukeli (Zürich), Ermir Lenjani (Nantes), Herolind Shala (Slovan Liberec), Taulant Xhaka (Basileia), Armir Abrashi (Friburgo); Avançados: Bekim Balaj (Rijeka), Sokol Çikalleshi (Medipol Baksasehir), Armando Sadiku (Vaduz), Milot Rashica (Vitesse), Shkëlzen Gashi (Colorado Rapids).

Visão do Leitor (perceba melhor como pode colaborar com o VM aqui!): Flávio Trindade

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