O Melhor Treinador em Portugal em 2015-16

Com o cair do pano sobre a temporada desportiva, urge analisar aquilo que de melhor se passou no futebol português. Deste modo, olhando para fora das quatro linhas, importa realçar o papel dos treinadores, aqueles a quem cabe extrair o que de melhor existe nos verdadeiros artistas do jogo, os jogadores. Neste sentido, entre as várias possibilidades que existiam, o melhor treinador esta época, em Portugal, para o VM, foi Rui Vitória, que guiou o Benfica à conquista de mais um campeonato, o principal objectivo da época dos grandes. 

O mérito a quem ganhou. Esta é uma das máximas do futebol. Vindo de um trabalho muito bom em Guimarães, cujo ponto áureo se deu com a conquista da Taça de Portugal diante do mesmo Benfica, Rui Vitória abraçava um novo projecto na sua carreira. A herança de Jorge Jesus seria pesada para qualquer um, mas o antigo treinador do Vitória conseguiu levar o navio a bom porto. As dificuldades iniciais eram expectáveis, tendo as três derrotas com o Sporting, que impediram a conquista da Supertaça e colocaram o clube fora da Taça de Portugal e a vários pontos do primeiro lugar, deixado os benfiquistas muito preocupados com o desfecho da temporada. No entanto, o ribatejano, habituado a reagir à adversidade desde sempre, não deitou a toalha ao chão. Picado pelo rival e com o orgulho ferido, um novo Vitória nasceu em Janeiro. Na verdade, o técnico das águias passou a pensar pela sua própria cabeça, introduzindo uma série de alterações na equipa que a tornaram mais completa e eficaz (as entradas de Pizzi e do júnior Renato Sanches são dois excelentes exemplos), tornando-se igualmente mais incisivo e expedito nas conferências de imprensa. Assim, apesar de uma luta titânica com o Sporting, Vitória, que já tinha saído de Alvalade a sorrir no último derby da temporada, viu a felicidade bater-lhe à porta em Maio e conquistou o primeiro título de campeão nacional da sua carreira. Esperarão os benfiquistas que seja o primeiro de muitos. Por outro lado, além deste título, importa realçar a conquista da Taça da Liga, algo que torna a primeira época de Vitória muito parecida com a primeira de Jorge Jesus ao serviço dos encarnados; a valorização de vários activos (Lindelof, Renato Sanches, Ederson, Pizzi, Jiménez), alguns por necessidade é certo, mas que deram colorido ao estatuto de treinador formador que trazia da cidade Berço; e, por fim, a excelente campanha europeia na Liga dos Campeões, que motivou inúmeros elogios de Pep Guardiola, tendo o clube lisboeta apenas caído aos pés do poderoso Bayern, que nessa eliminatória poucas vezes se conseguiu superiorizar. 

Todavia, honra também aos vencidos. Jorge Jesus, que havia mudado de lado na 2.ª circular, construiu um Sporting forte em poucos meses, conquistou a Supertaça, bateu o recorde de pontos dos leões na Liga e ficou apenas a dois de ser campeão. Notável se compararmos com a última década dos verde e brancos. Por outro lado, Paulo Fonseca levou o Sp. Braga à conquista da Taça de Portugal 50 anos depois diante do FC Porto, alcançou o “tradicional” quarto lugar dos bracarenses na Liga e conseguiu levar os minhotos aos quartos de final da Liga Europa. Já Lito Vidigal conquistou, com os seus pupilos, um apuramento histórico para a Liga Europa em Arouca, fruto do 5º lugar no campeonato, enquanto que Petit, que havia começado o ano desportivo no Bessa, conseguiu operar um milagre em Tondela e ajudou os Beirões a manterem-se no primeiro escalão do futebol português. 

Rodrigo Ferreira 

PS - Para os leitores do Visão de Mercado, Rui Vitória foi igualmente escolhido como melhor treinador da época, em Portugal. O técnico das águias superou Jorge Jesus, Lito Vidigal, Petit e Paulo Fonseca.

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