Mais um Clássico, mais uma derrota para Rui Vitória; FC Porto "ressuscita" na Luz e volta a entrar na luta pelo campeonato; San Iker foi decisivo com várias defesas incríveis; Herrera e Aboubakar castigaram fragilidades defensivas do Benfica; Jonas voltou a ficar em branco; Chidozie deu uma excelente resposta, Herrera, Danilo e Maxi também se destacaram; Águias tiveram mais oportunidades mas foram inferiores no 2.º tempo

Benfica 1-2 FC Porto (Mitroglou 18'; Herrera 28' e Aboubakar 65')

A eficácia fez a diferença, mas foi uma grande resposta do FC Porto no Estádio da Luz, que agravou a crise de Rui Vitória, que soma por derrotas todos os Clássicos disputados esta época. Os azuis e brancos, apesar da crise e da série de 11 vitórias consecutivas do Benfica, venceram o Clássico, voltando assim a entrar na luta pelo campeonato (até pela "vantagem" de ainda receberem o Sporting e certeza que os rivais de Lisboa vão perder pontos no dérbi). Num duelo recheado de oportunidades - as defesas estiveram quase sempre em desequilíbrio - até pertenceram aos encarnados as melhores, mas foi o conjunto de Peseiro a potenciar o ascendente no 2.º tempo para consumar a reviravolta e conseguir os 3 pontos. Chidozie foi a surpresa no 11, mas respondeu com uma boa exibição (não acusou o momento e até melhorou a posse no futebol portista), Aboubakar e Brahimi criaram vários lances de perigo, Maxi foi Maxi, Herrera realizou uma das melhores exibições pelos dragões, mas a figura do jogo tem o nome de Casillas, que com várias defesas incríveis fez a diferença; No bicampeão, Renato Sanches abriu o livro com uma grande assistência mas a equipa com o decorrer do jogo foi perdendo acutilância, clarividência e juntou à ineficácia muitas fragilidades no momento defensivo, em mais um Clássico em que Jonas voltou a ficar em branco, e que fica marcado pelo regresso de Salvio à competição depois de quase 9 meses de ausência.

O encontro teve um início algo incaracterístico, com ambas as equipas a denotarem algum nervosismo. Os portistas iam tendo mais bola, apostando muito nas trocas posicionais dos seus homens da frente, mas foi o Benfica o primeiro a criar perigo, com Pizzi a testar Casillas num contra-ataque (na área contrária, Aboubakar decidiu mal) de 3 para 2. No entanto, o golo dos encarnados viria mesmo a surgir, após uma jogada de Renato Sanches, que com categoria serviu Mitroglou e o grego a não perdoar. Os dragões a voltaram a ter mais bola, com o Benfica a tentar explorar as transições rápidas e os erros que os visitantes iam cometendo. Essa foi nota dominante durante os 90 minutos, com ambos os conjuntos a terem muita liberdade no momento ofensivo. No minuto 28, surgiu o golo do empate, com Herrera a rematar rasteiro à entrada da área (ninguém fez oposição), fora do alcance de Júlio César. As águias reagiram, equilibrando a posse e estiveram duas vezes perto de marcar: primeiro foi Casillas a negar o golo a Jonas com uma grande estirada e depois foi Mitroglou a desperdiçar de baliza aberta um passe de André Almeida, que tinha aproveitado uma bola perdida na área. Antes do descanso, Herrera esteve perto de bisar, mas o seu remate (já dentro da área) saiu ao lado, enquanto que do outro lado foi Samaris a rematar por cima, após bela jogada da formação da casa. Os azuis e brancos entraram melhor no segundo tempo, tendo mais bola e jogando no meio campo adversário. No entanto, foi o Benfica a estar perto de chegar à vantagem, com Casillas mais uma vez em grande, a tirar o golo a Gaitán, em mais um contra-ataque (na sequência do canto, Jonas cabeceou por cima). Mais uma vez, assistia-se a um jogo partido, com ambos os ataques a terem muito espaço para criar lances de golo. Peseiro lançou Marega (saiu Corona) e pouco depois Aboubakar esteve perto do golo, mas rematou ao lado quando estava em boa posição. O camaronês viria mesmo a marcar pouco depois, ao não perdoar perante Júlio César, após excelente jogada dos forasteiros. Na resposta, Martins Indi quase fez auto-golo, mas Casillas, com uma defesa brilhante, evitou o empate. O guardião espanhol (o homem do jogo) voltou a estar em evidência minutos depois, negando, com uma defesa com os pés, o golo a Mitroglou. A partir daí, foi o Benfica a assumir as despesas do desafio (já com Carcela e Talisca em campo), com o Porto a jogar mais na expectativa, mas a verdade é que as águias não conseguiram criar mais oportunidades de golo, denotando pouca lucidez e alguma intranquilidade, esbarrando também na boa organização defensiva portista. Já perto do fim foi mesmo a equipa nortenha a estar perto do 1-3, mas Marega, com muita displicência, desperdiçou.

Benfica - Balde de água fria para os Encarnados na melhor altura da época. Uma derrota que faz “renascer” um dos adversários directos e pode fazer com que o Sporting se volte a afastar na frente, para lá de agravar o mau registo de Rui Vitória nos Clássicos (5 derrotas em 5 encontros). O Benfica até entrou na frente, mas o desperdício (uma mão-cheia de chances desaproveitadas) e o mau futebol do segundo tempo (a equipa pouco criou - a melhor oportunidade até vem de uma transição após um canto do FC Porto - e na parte final mal se aproximou da baliza de Casillas) acabaram por ser fatais, bem como uma fragilidade defensiva verdadeiramente preocupante (sempre que os Dragões superavam a pressão Encarnada a última linha defensiva tremia). Veremos que impacto terá esta derrota num colectivo que estava em “estado de graça” (não perdia para a Liga desde o jogo com o Sporting), sendo certo que já na próxima Terça-Feira há novo desafio essencial para a Liga dos Campeões.

Júlio César - Não fez qualquer defesa de vulto (as finalizações do adversário ou foram golo ou para fora), mas acaba por não sair absolutamente ileso do jogo, isto porque no lance do primeiro golo fica a ideia que, apesar de se tratar de um bom remate de Herrera, podia ter feito mais (não é uma bomba e não estava tapado).

André Almeida/Lindelof/Jardel/Eliseu - Fraco jogo da linha defensiva do Benfica, que num jogo de alta exigência voltou a comprometer. Eliseu, que até é o patinho feio deste plantel, foi o que fez um jogo melhor, sendo que os restantes companheiros de sector tiveram claramente nota negativa: André Almeida sofreu com Brahimi (neste nível as suas limitações ficam a nu), Lindelof não mostrou ter capacidade para ser titular (facilmente arrastado por estar sempre demasiado agarrado a referências individuais) e Jardel não foi capaz de travar Aboubakar no lance do segundo golo.

Samaris/Renato Sanches - O Grego mal se viu com bola e sem ela voltou a estar longe de oferecer a segurança que Fejsa dá; Já o jovem Português começou em grande, com a assistência para o golo de Mitroglou, mas depois fez ver que ainda é um produto inacabado, com demasiadas correrias, quer com bola (entregando muitas vezes "em mão", ao invés de soltar mais cedo), quer sem ela (perdendo a posição muito facilmente).

Gaitán/Jonas/Mitroglou - O Argentino não foi capaz de desequilibrar, sendo que acaba por ficar negativamente ligado à história do jogo ao não conseguir bater Casillas quando seguia isolado, no início do segundo tempo; o Brasileiro começa a apresentar um registo penoso nos jogos grandes no panorama nacional, continuando sem marcar e sem fazer a diferença como nos restantes jogos; já o Grego marcou o golo inicial mas revelou as suas limitações longe da baliza (o seu jogo resume-se muito à finalização).

FC Porto - Um "murro na mesa" por parte dos Dragões. Depois de uma fase muito difícil e de uma semana atribulada, o conjunto de Peseiro consegue vencer em casa do Bicampeão Nacional, conseguindo um bálsamo anímico (a equipa começava a ter índices de confiança muito baixos) e, sobretudo, reentrando na luta pelo título, estando provisoriamente a 3 pontos da liderança. Os Portistas até entraram a perder, o que tendo em conta o passado recente poderia antever uma noite complicada, mas a equipa reagiu, apoiou-se numa enorme exibição de Casillas (que conseguiu mascarar grandes dificuldades defensivas) e, no segundo tempo, foi claramente superior, conseguindo evitar quase sempre a chegada do Benfica ao último terço e sabendo ser mais eficaz na finalização para terminar vencedora.

Iker Casillas - O MVP do clássico. O Espanhol, um dos muitos jogadores dos Dragões que chegavam ao Clássico com a imagem muito tocada, fez uma exibição monumental, fazendo jus ao estatuto que cimentou ao longo dos últimos anos como um dos melhores guarda-redes do Mundo, protagonizando um conjunto de defesas monumentais (nomeadamente a remates de Jonas, de Gaitán e evitando um auto-golo de Indi, mostrando ter os reflexos intactos).

Maxi/Chidozie - O Uruguaio foi muito assobiado mas fez um jogo à sua imagem, com muita segurança a defender e critério a subir (é um elemento com uma regularidade brutal); Já o jovem central, que há bem pouco tempo nunca imaginaria jogar num encontro deste tipo, não acusou a pressão, já que apesar de não ter sido perfeito a defender (aliás Peseiro tem muito trabalho a fazer nesse campo - veja-se como no golo sofrido os centrais perdem a posição muito facilmente e abrem uma avenida para Mitroglou) deu conta do recado e com bola teve nota bastante positiva, dando  critério e qualidade na saída.

Danilo/Herrera - Grande jogo de ambos os médios, que foram essenciais no triunfo, sobretudo pela forma como foram subindo de produção ao longo do jogo, entendendo o que ele ia pedindo. Danilo deu razão a Peseiro, que não o retirou do meio-campo, mostrando-se muito forte nos duelos, nas coberturas e sendo sempre um elemento essencial para fazer a bola chegar ao último terço, mesmo através do transporte. Já Herrera calou os críticos com a sua capacidade de chegar à área e de finalizar, marcando o golo que permitiu à equipa respirar um melhor depois de um início pouco prometedor.

Corona/Brahimi/Aboubakar - A frente de ataque Portista esteve longe de estar brilhante e perfeita, mas no geral teve papel importante na obtenção do triunfo. A excepção foi mesmo Corona, que foi um elemento a menos, pecando muito na definição e decisão, somando várias perdas de bolas. Brahimi voltou a pecar por falta de objectividade (em várias ocasiões o desequilíbrio está criado mas ele quer sempre fazer outra finta) mas fez vida negra a André Almeida está ligado ao segundo golo, apontado por Aboubakar, que no momento determinante não foi perdulário com tem sido hábito e fez o tento do triunfo.

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