Com 95% da população a torcer pelos 3 "grandes" é essencial melhorar o modelo

Tem-se falado muito sobre os direitos televisivos e qual dos 3 grandes fez o melhor contrato, mas fora esse campeonato a única certeza é que a longo prazo esses negócios só vão resultar num maior fosso entre os grandes e os pequenos, o que directamente vai agravar a falta de qualidade dos jogos da I Liga.

Sendo assim, fica uma ideia de como devia ser a partilha dos direitos televisivos, bem como o modo que iria permitir o bom funcionamento deste.

Em primeiro lugar: Não faz sentido em Portugal termos uma liga com 18 clubes. Um país de 10 milhões de habitantes e onde 95% das pessoas são dos 3 grandes (Benfica, FC Porto, Sporting), ter mais 15 clubes só para preencher calendário é desnecessário. É que é praticamente impossível para as restantes equipas atraírem adeptos e não andarem numa constante luta pela sobrevivência financeira. Veja-se o exemplo da Académica de Coimbra, clube histórico que está numa cidade com 116 mil habitantes, mas que não consegue meter mais de 5 mil adeptos por jogo a não ser quando lá vão jogar os "grandes".

Ou seja, o formato da liga deveria ser ajustado à sua realidade e dimensão, mas de uma maneira a que não se perca competitividade. O que só é possível de uma maneira: Redução do nº de equipas na I Liga de 18 para 12; De preferência com a Introdução do playoff campeão e do playoff despromoção.

Ou seja, o campeonato passaria a ter 2 voltas. Numa 1.ª volta, as 12 equipas iriam jogar entre elas um conjunto de 22 jornadas (11 em casa e 11 fora). E numa 2.ª volta, onde os 6 primeiros da 1.ª volta disputariam  o playoff campeão e os 6 últimos o playoff despromoção. Ambos com mais 10 jornadas (5 em casa e 5 fora), fazendo com que a liga tivesse um total de 32 jornadas (apenas -2 que no formato atual). Os pontos da 1.ª volta, transitam para a 2.ª volta de modo a garantir o empenho dos clubes nas 2 voltas.

Ora, tendo em conta que em Portugal é quase impossível um grande acabar em 7.º lugar na 1.ª volta. Então podemos facilmente concluir que este formato iria dar-nos o dobro dos clássicos e o dobro dos derbys entre os grandes. Estamos a falar de um grande disputar 24 pontos contra os seus maiores rivais (em vez de 12). Não será por isso de todo descabido, assumir que tal medida trará mais adeptos aos estádios e espectadores televisivos, o que por si só permitiria um aumento dos valores dos patrocínios e sobretudo do aumento dos valores dos DIREITOS TELEVISIVOS! Ninguém iria querer perder um bocado que fosse desta 2.ª volta decisiva, obrigando as operadoras televisivas a lutar entre si para garantir a sua transmissão.

A isto acresce o facto de os outros 3 clubes que disputassem o playoff campeão certamente iriam ter os seus 5 jogos em casa cheios, bem como todos os jogos transmitidos. O que iria aumentar as receitas de bilheteira e patrocínios do clube, bem como verificar-se um aumento da massa adepta destes (como se verifica com o SC Braga atualmente), uma vez que o clube da sua cidade luta frente a frente contra os melhores clubes de Portugal.

Quanto ao playoff despromoção, este embora menos atrativo não se deixaria de ser uma batalha “épica” pela sobrevivência entre os clubes, uma vez que os dois últimos  classificados seriam despromovidos, perdendo os seus tão necessários “milhões”, bem como alguns dos melhores jogadores para os clubes da 1.ª divisão, ou de outras ligas.

Em segundo lugar: Se a isto tudo ainda acrescentarmos a distribuição dos direitos televisivos, teríamos uma liga financeiramente mais estável e por sua vez mais atrativa e emocionante de acompanhar!

Como funcionaria a partilha dos direitos televisivos? À Inglesa! Ou seja, fazendo uns ajustamentos tendo em conta a nossa realidade mas seguindo a mesma filosofia:
- 50% divididos de igual modo entre todos os clubes;
- 11% divididos consoante a transmissão de jogos em relação ao playoff (70% para os do playoff campeão e 30% para os do playoff despromoção)
- 39% divididos consoante a classificação de cada equipa;

Exemplo:
Dado que passamos de 6 jogos entre os grandes para 12. Não será de todo descabido acreditar que tanto a MEO ou a NOS comprariam os direitos da Liga Portuguesa por 200 milhões de euros ano (possivelmente seria vendido por muito mais mas vamos assumir este valor). A imagem no post mostra-nos como esta divisão dos direitos iria decorrer.

Como podemos verificar, os grandes continuariam a receber um valor semelhante aos atuais, mas em contrapartida os pequenos e médios clubes iriam dar um salto orçamental extraordinário! Por exemplo, o SC Braga que possivelmente é o 4 grande de Portugal, no seu ultimo relatório de contas, apresentou um Rendimento Operacional de 10,1 milhões de euros (onde 3,5 milhões são respetivos a direitos de televisivos) e um Gasto Operacional de 18 milhões (onde 12,2 milhões são de gastos com o pessoal). Ora, isto significa que qualquer clube que termine numa posição superior ao 10.º lugar, conseguiria oferecer ordenados iguais ou superiores aos dos SC Braga atualmente e pagá-los simplesmente com Direitos televisivos! Ou então usar de outras formas como liquidar dividas antigas, melhorar as instalações dos estádios e melhorar as suas academias. Mas sobretudo, a grande melhoria verificada seria nos planteis dos clubes da liga, com melhores reforços!

A melhoria dos planteis levaria a que mais equipas jogassem “olhos nos olhos” contra os grandes (como se verifica em Inglaterra e na Alemanha) e com isso trazer mais adeptos aos estádios uma vez que com isso a atratividade dos jogos aumentaria.

Isto no curto/médio prazo, uma vez que depois de provada a melhoria do futebol praticado em Portugal, da emoção que é a fase do playoff campeão, no futuro o valor pela transmissão iria aumentar como ocorreu em Inglaterra nos últimos 20 anos. E porque não, cá poderia facilmente aumentar para 400 milhões/ano! E agora sim atingimos os valores acordados recentemente. Só que agora, em vez de um grande receber 40 milhões e um pequeno 1,5 milhões (26,6 vezes menos que o grande) a diferença já é de 45,6 milhões do 1.º classificado para 20,8 milhões do último (apenas 2,1 vezes menos que o grande).

Conclusão:

Com os dados expostos, estão criadas as condições necessárias para a Liga Portuguesa dar realmente um salto financeiro e qualitativo do seu futebol. Com mais dinheiro, com Estádios mais cheios, com melhores equipas e sobretudo com melhor futebol!

Por exemplo clubes como: SC Braga (cidade de 138 mil habitantes), Académica (cidade de 116 mil habitantes), Vitoria de Setúbal (cidade de 110 mil habitantes) e Marítimo (cidade de 120 mil habitantes) teriam as condições necessárias para atrair mais adeptos e tornarem-se em clubes médios mas de respeito em Portugal, pois representariam a sua região do País.

Visão dos Leitores (perceba melhor como pode colaborar com o VM aqui!): Tiago M.S. Sá

Etiquetas: