Craques do futuro V: O alemão fantasista com raízes africanas (9.º)

Como para tudo, é essencial definir critérios. Esta rubrica destina-se a jogadores nascidos em 1996. Os parâmetros de selecção são os feitos dos jogadores até ao momento e, principalmente, o seu potencial e o nível (patamares em termos de projecção Mundial) que poderão atingir no futuro. Mesmo considerando que são seniores de 1.º ano já é possível mencionar elementos que nesta fase apresentam algumas destas características.

Numa Alemanha que tem sido indiscutivelmente um dos países que melhor tem trabalhado a área da formação nos últimos anos, o Schalke é um dos principais reveladores de talento. O emblema de Gelsenkirchen fez aparecer craques como Neuer, Ozil, Draxler ou Meyer e a qualidade não pára de surgir. Leroy Sané é o nome mais recente da fábrica dos mineiros, mas a capacidade de trabalho, típica de um mineiro, não é, de todo, a característica que o define. É, pelo contrário, um fantasista, um jogador com uma enorme facilidade em criar desequilíbrios através de iniciativas individuais, fazendo uso da sua velocidade (muito explosivo quando arranca) e qualidade técnica. Com um pé esquerdo fantástico, pode actuar em qualquer posição no apoio ao ponta-de-lança, mas é sobre a direita que o seu futebol atinge outra dimensão. Ainda assim, tem de corrigir algumas deficiências na definição dos lances, pois só assim poderá pôr o seu talento verdadeiramente ao serviço do colectivo. A chegada de Breitenreiter pode ser bastante positiva para o jovem de 19 anos, já que, com Di Matteo, que o lançou, teria sempre menor liberdade para desequilibrar, como consequência do conservadorismo do italiano. Contudo, apesar de ser titular com o novo técnico, não tem tido propriamente grande protagonismo na equipa, precisando de adquirir alguma consistência no seu jogo (por vezes parece alheado). Mas o tempo, fundamental na aprendizagem de um miúdo, deverá resolver as dificuldades de Sané, que tem a irreverência e a ousadia que costuma diferenciar os craques. A exibição frente ao Real, no Bernabéu, na época passada quando ainda tinha idade de júnior, que impressionou tudo e todos, mostrou que o alemão, nascido em Essen mas filho do antigo internacional senegalês Samy Sané, não tem medo dos grandes palcos e é capaz de assumir a equipa em momentos de aperto. Com esse jogo tornou-se, se é que já não o era, uma das figuras da nova geração germânica e pôs, justificadamente, o radar dos grandes clubes a pairar sobre si. E a continuar neste ritmo não será surpreendente que em 2018 a Alemanha tenha na ala ou meio campo um artista com raízes africanas. 

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