Visão de Mercado: Rui Pedro (FC Porto) num exclusivo para o Visão de Mercado: «Com os avançados que estão a surgir, Portugal vai ficar bem servido»

Rui Pedro da Silva e Sousa, um dos avançados mais promissores do futebol português, concedeu uma entrevista ao Visão de Mercado onde dá a conhecer as suas preferências, ambições e objectivos na carreira. O jovem, de 17 anos, do FC Porto, que se estreou pela equipa B dos dragões com apenas 16 anos, assumiu que a nível pessoal tem como principal meta ajudar a família e o seu grande amigo (um irmão para ele) Tiago Marques (natural de Pedorido) para o resto da vida. Fica para a posteridade a humildade e receptividade do jovem em responder às perguntas, restando por isso, desejar boa sorte à sua carreira enquanto atleta do Futebol Clube do Porto e da selecção nacional.

1) É natural de uma zona do país que não tem oferecido muitos às selecções nacionais. Considera que pode contrariar essa tendência e ser a bandeira da região? Conte-nos um pouco o início da tua carreira.

Rui Pedro: Sou natural de Pedorido, Castelo de Paiva. A minha carreira começou no Futsal, mas mais tarde acabei por ir para o futebol de 11. Foi no Sporting Paivense que me iniciei e onde cresci como homem e jogador. Agradeço ao clube por me ter lançado e ensinado vários aspectos tácticos que me são úteis hoje em dia. Na verdade, nem sabia desse dado sobre a minha região e acho que pouco importa.

2) Aos 16 anos tornou-se um dos mais novos de sempre a alinhar nesta nova versão das equipas B. Julga ser um passo importante para os mais jovens que são acusados muitas vezes de estagnar na formação?
Rui Pedro: Independentemente de ser nos Júniores ou na B, dou sempre o meu máximo para cumprir aquilo que ambiciono. Não trabalho para ser apenas mais um, quero ser o melhor naquilo que faço. O meu grande objectivo é singrar no futebol e colocar todas as pessoas que me rodeiam (familiares, amigos e todos os outros que considero família) felizes e com boas condições.

3) Gonçalo Paciência, André Silva e agora...Rui Pedro. Muitos dizem que é o melhor de todos, outros são mais cépticos. Como se caracteriza (pontos fortes, fracos e a melhorar)?
Rui Pedro: Somos os três diferentes, cada um com as suas características, mas não consigo dizer qual o melhor. O meu ponto forte é a capacidade de trabalho e intensidade que coloco quando entro em campo. Para além disso, acho que sou bom no drible e nos movimentos e desmarcações. Como ponto a melhorar (acho que tenho evoluído ao longo dos últimos anos), tenho que ser mais forte mentalmente/psicologicamente.

4) Quais são os seus objectivos para a temporada 2015/2016 no Futebol Clube do Porto? Há o campeonato de Júniores, Liga dos Campeões Jovem e II Liga, qual das três consideras ser mais importante?
Rui Pedro: O meu objectivo para esta época, enquanto Júnior de 1.º ano, é revalidar o título nacional de campeão de Júniores, chegar o mais longe possível na Liga dos campeões Jovem e, quando for chamado à equipa B, mostrar que estou preparado para enfrentar qualquer adversário, tenha ele 18, 19 ou 30 anos. Quanto à exigência das diferentes competições, apesar de para alguns poder ser diferente, para mim é igual. O que me pedem na equipa B é aquilo que eu exijo a mim mesmo no campeonato de Júniores. Entro sempre em campo muito focado e com os meus próprios objectivos.

5) Depois do Rúben Neves ter surgido na equipa principal, o sonho de chegar à equipa principal ficou mais próximo? Vê em Lopetegui o treinador adequado para lançar jovens (já foi chamado aos treinos da equipa principal, como correu?), ainda para mais tendo um passado nas selecções jovens Espanholas?
Rui Pedro: É óbvio que tenho o sonho de chegar à equipa principal (como todos os meus companheiros), mas temos que ser realistas e pensar que não é para todos. No FC Porto só jogam os melhores e o Rúben Neves é um craque, logo temos que estar com os pés na terra e saber que não é fácil. Sim, fui chamado aos treinos da equipa principal, mas infelizmente lesionei-me no primeiro treino e tive azar, mas vou continuar a trabalhar.

6) Portugal vive sempre a questão do Ponta de Lança. Desde Pauleta (que também era criticado), os nomes que surgem na selecção A são ridicularizados. Qual é a razão que encontra para o fracasso dos avançados portugueses? Falta de oportunidades, pouco instinto matador ou má formação por parte dos treinadores?
Rui Pedro: Julgo que todos os treinadores têm capacidade para lançar jovens Portugueses, basta acreditarem em nós e apostarem sem medo. Quanto aos avançados da selecção nos últimos anos, não vejo grande fracasso nem acho que sejam tão maus como as pessoas dizem. Muitos deles foram para bons clubes e tiveram boas carreiras e, mesmo sendo criticados, chegaram longe e não foi uma questão de sorte. Acredito que no futuro - e com os avançados que estão a surgir -, Portugal vai estar bem servido.

7) Esta época culmina com o europeu sub-19 (que dará apuramento para o mundial sub-20 em 2017). Apesar de ser de uma geração abaixo (a competição é para atletas de 97 e é de 98), tem aspiração em estar presente, beneficiando de jogar alguns escalões acima da sua idade?
Rui Pedro: Esperança tenho sempre e é claro que gosto de jogar sempre o mais acima possível, mas seja chamado aos sub-18, sub-19 ou sub-20, vou sempre com alento e orgulho por jogar na selecção nacional, que é o topo que qualquer jogador pode aspirar. Espero que possamos dar alegria aos portugueses e cumprir os nossas metas.