10 verdades que ficam do Benfica-FC Porto

O clássico prometia, uma equipa precisava de vencer, a outra podia "alugar o Marquês", mas o espectáculo foi pobre e não correspondeu às expectativas. Mesmo assim, o empate entre Benfica e FC Porto deve ter definido o vencedor final da I Liga e evidenciou ainda mais algumas certezas sobre esta época. Nesse sentido, o VM aponta as 10  verdades que mais se destacam:

Desde a saída de Vítor Pereira, Jorge Jesus inverteu a tendência contra o FC Porto: Quando André Villas Boas e Vítor Pereira orientavam os azuis e brancos, Jesus sofria sempre nos clássicos, tendo vencido apenas 2 partidas em 10 (sendo que uma foi para a Taça da Liga e outra numa eliminatória da Taça de Portugal que viria a perder) e somado 6 derrotas, algumas com grande impacto, tal como o 5-0 no Dragão, a derrota na Luz que sentenciou o título dos Azuis e Brancos ou o célebre jogo do golo de Kelvin. No entanto, desde a saída do atual treinador do Olympiacos, no Verão de 2013, o cenário alterou-se, com as Águias a defrontarem o rival (treinado por Paulo Fonseca, Luís Castro ou Lopetegui) por 7 vezes e apenas perdendo em 2, sendo que estes dois desaires não forem significativos, dado que um foi quando os Encarnados já eram campeões e outro numa eliminatória que viriam a superar. Neste período, JJ venceu duas meias-finas contra o FC Porto e saíu sempre com resultados positivos dos embates para o campeonato.

Águias conseguem terminar a época com invencibilidade contra os rivais, algo que não acontecia desde 93-94, apesar de nunca terem sido superiores: Um novo Jesus, mais pragmático e ciente do potencial do seu plantel, apresentou sempre um Benfica nos jogos grandes, excepção para o dérbi na Luz, especulativo, a dar a iniciativa ao adversário e a jogar essencialmente no erro e com os momentos do jogo. Resultado: as águias nunca se conseguiriam superiorizar aos rivais, não encantaram e em Alvalade até tiveram alguma estrelinha, mas vão terminar a época com 3 empates e uma vitória.

Jackson não é Hulk: A qualidade do colombiano é inegável, um avançado e jogador acima da média, mas nos jogos contra o Benfica, ao contrário do Incrível, não se tem agigantado, muito pelo contrário. Cha Cha Cha falhou na Luz, também já tinha desperdiçado no Dragão e muito provavelmente vai se despedir do FC Porto com apenas 3 golos, em 9 jogos, contra as águias. E mesmo esses golos foram em circunstâncias peculiares, um de penalti, outro numa oferta de Artur e outro que não teve impacto na eliminatória, já que o Benfica levou a melhor nessas meias-finais da Taça.

FC Porto falhou sempre nas decisões: Eliminado em casa frente ao Sporting para a Taça de Portugal, derrotado na Taça da Liga diante do Marítimo, goleado em Munique para a Champions e sem conseguir vergar o Benfica para o campeonato, quando os jogos tinham rótulo de decisivo (mais que o empate na Luz foi a derrota no Dragão que definiu o destino dos portistas).

A qualidade do futebol português é baixa: Jogos decisivos proporcionam muitas vezes espectáculos pouco atraentes, mas este Clássico foi parco em emoção, jogado a um ritmo baixo, e sem qualquer tipo de qualidade de jogo. A partida foi a perfeita demonstração do que são muitos dos encontros do nosso campeonato: muitas faltas, muitas paragens, muitas simulações, pouco futebol. Enquanto o Benfica jogou o suficiente e não sentiu necessidade de arriscar, o FC Porto não teve engenho para mais. As individualidades, que muitas vezes resolvem o que o colectivo não consegue, foram engolidas pelos esquemas tácticos orientados para não deixar jogar e pelas constantes paragens.

Lopetegui acusou a goleada sofrida em Munique: O FC Porto na 1.ª parte tentou essencialmente não perder o equilíbrio mental. O treinador portista reforçou o meio campo, apostou numa equipa de menos acelerações e mais compacta, para não correr riscos, dando a titularidade a Neves e Evandro. Mas ficou a ideia que com Herrera, um extremo puro e Óliver no meio os azuis e brancos tinham mais hipóteses de desbloquear o bloco encarnado.

Brahimi terminou a época em Dezembro: Foi engolido no FC Porto-Benfica, no Dragão, e desde aí nunca mais foi o mesmo. Na Luz tinha a hipótese de dar uma sapatada na crise com uma grande exibição, era o palco ideal para fazer a diferença, mas acumulou más decisões e deixou a equipa a "chorar" por Tello. Mais do que a CAN fica a ideia que, por um lado ainda não é um fora de série, por outro pareceu iludir-se com o impacto que teve na fase inicial e principalmente com os prémios que venceu. O argelino depois dessa fase deixou de desequilibrar, começou a embrulhar ainda mais as jogadas, exagerando sempre no individualismo e o seu impacto na época portista acabou por ser mínimo nesta segunda metade. 

Sai Oblak, Garay, Siqueira, Enzo, mas as águias continuam implacáveis no processo defensivo: A imagem de marca pode ser a nota artística ou o rolo compressor, mas o que  se destaca é a capacidade defensiva do conjunto de Jorge Jesus. Mesmo perdendo elementos cruciais como Garay, Siqueira ou Enzo, e tendo como titulares jogadores apelidados de medianos como Eliseu ou Jardel (que demonstrou mais uma vez que é um dos 2 melhores centrais da época), o facto é que o Benfica continua a sofrer poucos golos, e nem sequer permite aos adversários muitas oportunidades de o fazer (pelo menos no plano interno). Seja em jogo corrido ou em lances de bola parada, contam-se pelos dedos as vezes em que Júlio César é colocado à prova. Há que destacar o bom trabalho do treinador neste aspecto, pois o colectivo consegue colmatar as deficiências individuais dos elementos mais frágeis (nomeadamente o lado esquerdo).

Jonas vai terminar o Ano sem marcar aos "grandes":  Só foi titular em 2 jogos também. Mas em Alvalade e na Luz, frente ao FC Porto, ficou em branco, e o seu impacto, devido ao jogo mais especulativo de Jesus, foi nulo.

Azuis e brancos ficam sem guardião para 2015-16: A maneira como Fabiano foi encostado no jogo do título vai pesar na sua confiança, e a menos que Helton, que há muito justificava a titularidade (é claramente melhor que o ex-Olhanense), rejuvenesça, aos 37 anos, é provável que o campeão das compras de guarda-redes volte ao mercado.

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