Uns com pouco, outros com demasiado (parte 1)

Diz-se que o futebol é muito simples: quem tem a bola ataca, quem não a tem defende. Apesar disto, para evitar o ditado que diz "quem não marca, arrisca-se a sofrer", é preciso saber atacar e, para isso, nada melhor do que ter um avançado creditado que, depois da bola lhe chegar, no último terço do terreno, torne os ataques realmente perigosos. Nesse sentido, ninguém está melhor servido do que a atual Seleção da Argentina. Tévez, Aguero, Higuaín e o "falso nove" Messi tornam o ataque das Pampas no mais rico da atualidade e possuem ainda a vantagem (à excepção do craque da Juventus que já ultrapassou os 30 anos) de ainda terem vários anos ao mais alto nível pela frente, sendo ainda todos, provavelmente, opções válidas para o Mundial de 2018. Mas como se estes nomes não bastassem, há uma segunda e até terceira linha de avançados argentinos de bastante qualidade e juventude, uns já bastante conhecidos no âmbito do futebol europeu e outros à beira de dar o salto para o Velho Continente. Assim, o Visão de Mercado efetua, em duas partes, uma análise à nova vaga de "delanteros" das Pampas.

Começamos por falar de um trio de Jovens atacantes que têm dado cartas esta época em Itália e em Espanha, deixando para depois a apresentação dos mais destacados números 9 que ainda jogam na Liga do seu país Natal. Ora, Mauro Icardi, Luciano Vietto e Paolo Dybala seriam, provavelmente, titulares no rival Brasil ou candidatos a melhor Ponta-de-Lança da campeã do Mundo Alemanha, mas na sua Seleção são, para já, excedentários ou, na melhor das hipóteses, suplentes dos jogadores acima citados. Nasceram todos em 1993 (são ainda muito jovens) e têm os 3 tido a sua plena afirmação no panorama futebolístico em 2014/2015, sendo óbvios candidatos a assumirem-se como referências ofensivas mundiais da próxima década.

Mauro Icardi (Inter de Milão, 22 anos, 1,81 metros) - Provavelmente o jogador desta lista que tem já um maior estatuto e projecção internacionais, sendo já titular e referência ofensiva dum colosso Mundial e até apontado como alvo do Chelsea de José Mourinho. Se o Inter não vive uma fase de pujança, isso não se deve a Icardi, que tem sido um dos melhores jogadores Nerazzurri, como atestam os 19 golos já apontados nesta temporada, número bastante meritória para quem joga numa equipa cujo nível actual é bastante pobre. Já internacional pela seleção principal Argentina, Icardi foi viver para Espanha logo aos 6 anos, tendo representado o Barcelona entre os 15 e os 18, altura em que abandonou a Catalunha para assinar pela Sampdoria. Em Génova, uma boa época 2012/2013, na qual, com somente 19 anos, apontou 10 golos, levou o Inter a avançar para a sua contratação. Após uma primeira época irregular (foi condicionado por uma lesão, mas ainda assim marcou 9 golos em 23 presenças), o jogador natural de Rosário está a ter a sua época de confirmação, salientando todas as suas virtudes: é um Ponta-de-Lança moderno, com excelente cultura de movimentos, agressivo a atacar o espaço em desmarcação, mostrando-se um excelente finalizador ao primeiro toque e com ambos pés. Possuí um carácter algo conflituoso (como se prova pela recente discussão com os Tiffosi após uma derrota), algo que o pode vir a prejudicar na sua carreira, mas, se há jogador em quem o Guissepe Meazza pode confiar para ser parte importante do ressurgimento do clube, esse é Mauro Icardi. 

Luciano Vietto (Villarreal, 21 anos, 1,73 metros) - Estreou-se pelo Racing de Avellaneda aos 18 anos pela mão de Diego Simeone, tendo apontado 18 golos entre 2011 e 2014 pelo clube, período durante o qual representou a Albiceleste no Sul-Americano Sub-20 de 2013. No Verão passado, o sempre atento Villarreal avançou para a sua contratação, e o sucesso dificilmente poderia ser maior: integrado num conjunto cheio de talento e que pratica um futebol extremamente positivo e agradável, Luciano Vietto tem sido uma das revelações de La Liga e um dos melhores jogadores da atual edição da Liga Europa (na qual soma 5 tentos e 4 assistências em 8 partidas), tendo marcado já 18 golos esta temporada. Jogador ágil (veja-se o golo que marcou ao Atlético no Calderón, no qual "parte os rins" a Godín), de boa capacidade técnica e inteligente, gosta de recuar um pouco no terreno para poder transportar a bola ou rematar de longe, sendo um Avançado que se enquadra na perfeição a jogar com um parceiro de ataque ao lado. Depois de nomes como Forlán (que já tinha tido uma experiência frustrada no Manchester United) ou o próprio Godín, o jovem Argentino perfila-se como o próximo a deixar o El Madrigal para rumar a um clube de maior dimensão, adivinhando-se, certamente, um encaixe importante para o "Submarino Amarelo". 

Paulo Dybala (Palermo, 21 anos, 1,79 metros)- Talvez o mais completo deste trio, sendo o mais dotado tecnicamente, bem como aquele que apresenta maior capacidade no um contra um, o canhoto destacou-se aos 18 anos no Instituto, apontando 17 golos em 40 partidas, registo que lhe valeu o bilhete para a Sicília, onde defende as cores do Palermo desde 2012. Após a subida de divisão a temporada passada, esta tem sido a da explosão do jogador: não obstante ser um elemento com capacidade concretizadora, como provam os 12 tentos marcados na Série A que o colocam como terceiro melhor marcador da prova (apenas atrás dos compatrioras Tévez e Icardi e empatado com Higuaín- os 4 melhores posicionados para ser o Capocannonieri do campeonato nasceram todos nas Pampas), Dybala é muito forte no desequilíbrio individual, apresenta uma excelente capacidade de associação com os companheiros da frente (a sua dupla com "mudo" Vazquez tem sido letal) e é ainda exímio a guardar a bola, deixando a sua equipa respirar e subir as suas linhas. Comparado com os compatriotas Aguero e Pastore, o presidente do Palermo, Maurizio Zamparini, já garantiu que quem quiser o avançado terá de abrir os cordões à bolsa, à semelhança do que aconteceu quando Pastore foi vendido ao PSG, rendendo cerca de 40 milhões de Euros aos Sicilianos.

Pedro Barata e Fábio Teixeira

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