Defesas de Batalla, classe de Correa e golos de Simeone dão título à Argentina; Colômbia e Uruguai apresentaram-se a bom nível, Brasil desiludiu

Chegou ao fim mais uma edição do campeonato Sul-Americano de sub-20, o qual consagrou a Argentina como campeã. A seleção celeste teve altos e baixos ao longo do torneio, mas acabou por ganhar e garantir não só a qualificação para o Mundial na Nova Zelândia, no Verão, mas também para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, muito devido à força das suas individualidades. O segundo e o terceiro lugar foram, respectivamente, para a Colômbia (que para além do bilhete para a Nova Zelândia irá jogar uma repescagem frente a uma equipa da CONCACAF para tentar chegar ao Rio) e para a equipa da casa, o Uruguai (que se tivesse ganho o último jogo contra a Argentina teria sido campeã, mas nem a qualificação para as Olimpíadas garantiu), tendo estes dois conjuntos sido os mais consistentes, os mais regulares a nível colectivo durante toda a competição. A desilusão da prova foi, claramente, o Brasil, que, como sempre, tinha elementos que geravam muita expectativa mas apresentou um baixo nível como equipa, o qual condicionou o brilho dos seus melhores jogadores. O quinto e o sexto postos ficaram para o Peru e para o Paraguai, respectivamente, que nada mais garantiram do que a presença nos jogos Pan-Americanos.

Mas o que se procura mais nestes torneios são as futuras estrelas, os craques dos próximos anos, e, neste sentido, o Visão de Mercado aponta os melhores jogadores da competição, aqueles que mais perto estarão de ser figuras do futebol:

Augusto Batalla (Guarda-Redes, Argentina, River Plate)- Um dos principais destaques do torneio foi o bom nível global dos guardiões das diversas equipas, mas o argentino cotou-se como o melhor, estando um escalão acima dos demais. Revelou boa colocação, agilidade e reflexos, garantindo pontos para a sua equipa e sendo mesmo um dos grandes responsáveis pelo resultado final da competição. Na Argentina garantem que já terá acordo com o Real Madrid, mas o certo é que estamos perante uma das maiores promessas mundiais na sua posição. 

Emanuel Mammana (Defesa, Argentina, River Plate)- Começou a competição como lateral, mas acabou a jogar como líbero numa defesa de 3, e foi aí que mostrou as suas melhores virtudes: excelente capacidade de antecipação e boa leitura de todos os lances. Foi o melhor defesa argentino, estando já a ser apontado ao Atlético de Madrid.

Leonardo Rolón (Lateral-Direito/Mediocentro, Argentina, Vélez)- Começou o campeonato a jogar como médio centro, mas foi como lateral na defesa a 3 da Argentina que brilhou. Destacou-se pela capacidade de fazer o todo o corredor durante os 90 minutos, sendo um elemento dinâmico e que, ao incorporar-se no ataque, ofereceu quase sempre a melhor solução à sua equipa. 

Cristián Espinoza (Extremo, Argentina, Huracán)- Foi um dos principais focos de desiquilíbrio da seleção vencedora. Potente, com excelente transporte de bola e capacidade de driblar, falta-lhe melhorar a sua tomada de decisão, mas a sua idade permitir-lhe-á evoluir neste aspeto.

Giovanni Simeone (Ponta-de-Lança, Argentina, River Plate)- A tentação será sempre olhar para o apelido. Sim, estamos perante o filho de Diego Simeone. Mas Gio começou neste torneio a gravar o seu próprio nome no panorama futebolístico: foi o melhor marcador da competição, destacando-se pela sua qualidade de movimentos e capacidade para atacar o espaço vazio. Tem margem de melhora ao nível da finalização, do remate, e, quando o fizer, será um goleador de números muito elevados.

Ángel Correa (Número 10, Argentina, Atlético de Madrid)- As dúvidas sobre o seu estado de forma com que iniciou o Torneio, devido a um problema cardíaco que o afastou vários meses dos relvados, foram inteiramente dissipadas. Foi, provavelmente, o melhor jogador deste Sul-Americano: integrado num conjunto recheado de boas individualidades, jogou com grande liberdade dentro do último terço do terreno, encantando com a sua finta, capacidade para fazer o último passe e capacidade goleadora, quer aparecendo a chegar à área quer através de remates exteriores. Um craque.

Juan Quintero (Defesa Central, Colômbia, Deportivo Cali)- O melhor Central do certame. Tendo em conta a sua tenra idade, é de destacar a sua categoria e personalidade, mostrando-se capaz de ser o patrão da defesa "cafetera". 

Jeison Lucumi (Extremo, Colômbia, Deportivo Cali)- O jogador mais desequilibrante da Colômbia. Capaz de jogar em ambos os lados do ataque, a sua capacidade no um contra um tornou-se num pesadelo para as defesas rivais, sendo de salientar a sua qualidade e critério no cruzamento.

Mathías Suarez (Lateral Esquerdo, Uruguai, Defensor Sporting)- Destacou-se pelo seu contributo na manobra ofensiva dos "Charruas", sendo um dos melhores argumentos ofensivos dos locais. Com boa capacidade para cruzar, mostrou alguma inteligência a definir as alturas do jogo em que era apropriado subir no terreno.

Gastón Pereiro (Número 10, Uruguai, Nacional)- A grande estrela dos uruguaios. Com muita mobilidade, não é o típico "enganche" Sul-Americano, mas um jogador alto (1,88 Metros), com chegada à área rival e forte nos duelos, o que não é incompatível com um pé esquerdo de técnica apurada.

Franco Acosta (Ponta-de-Lança, Uruguai, Villareal)- Avançado móvel, ágil, não se mostra cómodo entre os centrais, procurando não jogar preso entre eles mas mover-se por toda a frente de ataque. Revelou classe no um contra um.

Kenedy (Número 10/ Segundo Avançado, Brasil, Fluminense)- O Brasil foi uma autêntica desilusão, não tendo nenhum jogador a um nível brilhante. Ainda assim, o elemento que mais ficou na retina foi Kennedy, que em tudo se assemelha a um protótipo de Hulk: canhoto, potente, forte na condução de bola, com capacidade de drible e com remate fácil e forte. Menos positivo foi o descontrolo emocional que revelou em certas ocasiões, o qual se manifestou por ações marcadas por uma agressividade exagerada.

Pedro Barata

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