Demasiado Real para tão pouco Barça; Ronaldo foi o 1.º a marcar a Bravo, Pepe consumou a reviravolta; Marcelo voltou aos grandes jogos, Benzema foi decisivo; o renovado Isco também esteve em destaque; Catalães entraram a ganhar mas desapareceram aos 25 minutos; Não houve palmas para Messi, nem protagonismo, muito menos golos

Real Madrid 3-1 Barcelona (Ronaldo 35' g.p., Pepe 50' e Benzema 61'; Neymar 4')


Grande vitória do Real no primeiro clássico da temporada, que, surpreendentemente, foi pacífico e não teve o "teatro" do costume. Os merengues, com uma exibição exemplar, vergaram um Barça que não correspondeu às expectativas no regresso (e logo a titular) de Luis Suárez e aproximaram-se da liderança da liga espanhola, que continua a ser dos catalães. Apesar de ter começado a perder, há bastante tempo que a equipa blanca não demonstrava tanta superioridade sobre o rival (muitas oportunidades criadas, que podiam ter dado um resultado mais dilatado, e controlo defensivo perfeito), provando que o complexo de inferioridade dos tempos de Mourinho já não existe. Ronaldo, de penalty, voltou a marcar e quebrou a inviolabilidade da baliza do Barça, mas foram Marcelo, com uma exibição como há muito não fazia, Isco, completamente revigorado, e Benzema, com uma qualidade assombrosa na frente, os grandes destaques. No Barça, os craques não apareceram como se esperava e ainda não foi desta que Messi se tornou no máximo goleador da liga espanhola. 

O jogo não podia ter começado melhor para o Barça, que se colocou em vantagem logo a abrir, com um golo de Neymar (aproveitou um buraco na defensiva do Real). A reacção da equipa de Ancelotti foi fortíssima, impedindo que os catalães tivessem bola e conseguindo criar lances de golo. A turma de Luis Enrique pôs algum gelo no jogo e podia ter chegado ao 2-0, não fosse Messi ter rematado contra Casillas, mas, aos 35', Piqué cortou com a mão um cruzamento de Marcelo e Ronaldo converteu a grande penalidade que deu o empate. Até ao intervalo, o jogo esteve partido, com duas equipas equilibradas. Na segunda parte, o Real colocou-se em vantagem num lance de bola parada, com Pepe a corresponder a um canto de Kroos. O golo permitiu que os merengues pudessem fazer o jogo de que tanto gostam, baixando linhas para sair rápido em transição para o ataque. O Barça não teve capacidade de reagir ao 2-1 e a apatia da equipa deu o 3-1 ao Real. Isco ganhou a dois adversários, deu para Ronaldo, o português virou para James e o colombiano assistiu Benzema de forma sublime. Os catalães entregaram-se e até final foi o conjunto da casa quem podia ter alargado a vantagem.

Destaques: 

Real Madrid - Exibição fantástica dos merengues. Está definitivamente ultrapassado o período negativo do início de temporada e a equipa está numa super forma, tendo batido o rival até com alguma facilidade (não fosse alguma ineficácia e o resultado podia ter sido mais dilatado). O 442 foi a solução encontrada por Ancelotti para encaixar todos os craques e, à medida que os jogadores vão ganhando rotinas neste sistema, percebe-se que é de facto o melhor para a equipa. Isco e James estão a evoluir bastante com o italiano - à semelhança do que aconteceu com Di Maria - e neste momento são jogadores bastante disciplinados tacticamente e com capacidade de sacrifício. Ambos realizaram excelentes exibições (os dois foram decisivos no terceiro golo), dando criatividade e critério com bola mas conseguindo cumprir a nível defensivo no apoio aos laterais. Falando de laterais, Marcelo foi um dos melhores em campo, sendo absolutamente decisivo pela profundidade que deu ao lado esquerdo. Quem também esteve em grande destaque foi um Benzema, que fez um jogo praticamente perfeito, que serve para provar que é completamente indispensável neste Real. Inteligência nas movimentações, capacidade de decisão e qualidade técnica. No que diz respeito aos portugueses, ambos deixaram a sua marca no encontro, mas não se pode dizer que tenham sido brilhantes. Pepe teve culpas no golo sofrido e Ronaldo estragou inúmeros lances de ataque. Nota ainda para Kroos, que acrescentou grande qualidade no seu primeiro clássico.

Barcelona - Exibição que deixou muito a desejar e que serviu para tirar algumas dúvidas e chegar a algumas conclusões. Desde logo o facto de a equipa ainda não ter sofrido golos até hoje não significa que seja forte defensivamente, bem pelo contrário (continua a ser o sector mais fraco da equipa); Luis Enrique quer fazer renascer Xavi mas, como se viu hoje, o médio já não consegue ter a influência necessária neste tipo de jogos; a inclusão de Suárez foi uma decisão completamente errada de Luis Enrique, com o uruguaio a passar ao lado do encontro. Os maiores problemas foram mesmo defensivos, com Piqué absolutamente desastrado (o que tem sido habitual nos últimos tempos), Mathieu a passar por dificuldades, apesar da qualidade a nível ofensivo, e Alves bastante displicente. O meio campo teve bons períodos na primeira parte, com Busquets em evidência, mas na segunda metade praticamente não existiu e isso prejudicou os jogadores do ataque (Neymar desapareceu e Messi também teve pouca preponderância). Em suma, percebeu-se que este Barça afinal não é assim tão dominador e que Luis Enrique tem ainda muita coisa a corrigir, mesmo em termos de atitude. 

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