A Alquimia após a Era Bento: Reformulação ou Repetição?

Muito se tem falado e discutido sobre o futuro da selecção nacional, desde da nova direcção técnica (com a previsível entrada de Fernando Santos) ao resgate de jogadores que foram colocados de lado (como Tiago, Ricardo Carvalho, entre outros). Porém, existem duas questões que não têm sido abordadas com a devida necessidade que merecem: reformulação e desenvolvimento dos sistemas de análise e logística da Selecção e reconstrução do national pool de jogadores.

A primeira questão pretende optimizar todos os aspectos de logística da selecção, ou seja, as questões mais básicas da preparação para jogos/estágios/campeonatos: onde dormir, comer, treinar e trabalhar. No último Campeonato do Mundo assistimos a um espectáculo pouco digno de uma selecção que representa o seu país. A viagem aos Estados Unidos da América em jeito de tour nada de bom trouxe aos comandados de Paulo Bento: horário de treinos pouco benéficos aos jogadores; a temperatura, ambiente e o local nos EUA não se compararam com o Brasil; viagens excessivas entre o centro de estágios dos EUA e os locais onde decorreram os jogos de preparação. Ao contrário a Alemanha, campeã mundial em 2014, preparou-se de forma séria e competente, tendo desde o fim do Mundial 2010 investido fortemente na direcção logística de forma a garantir resultados positivos na adaptação dos jogadores ao Brasil (não tendo espaço para fazer um texto só sobre essa perspectiva aconselho a irem a este link - http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgf_EAD/a-logistica-selecao-alema). É altura da Federação Portuguesa de Futebol encarar os meios logísticos como uma ferramenta fundamental para atingir resultados positivos nos Campeonatos do Mundo e da Europa. Se todas as empresas, que atingiram sucesso ou desejam atingir, investem em boas equipas dedicadas à logística e análise, porque não deverá a Federação fazer o mesmo?

A segunda questão já se prende, em parte, com o factor que os adeptos e entusiastas mais gostam de discutir, imaginar e argumentar: convocação de jogador x, y ou z. Talvez o tema mais discutido pela imprensa, o da renovação da equipa, foi descurado por Paulo Bento (a introdução de André Gomes no onze titular não representa renovação, nem mesmo a convocação Adrien para o banco de suplentes). Ora, Paulo Bento convocava jogadores baseados numa pool construída por ele mesmo, pondo de lado desde o início jogadores que não entravam na sua ideia de Selecção e de equipa, como o caso de Adrien Silva, que ficou de fora da Selecção até ao jogo da Albânia. Talvez, seja necessário terminarem ou pelo menos condicionarem as opiniões influenciáveis (e acredito que estou a ser simpático) dos empresários, como Jorge Mendes, na formação das equipas nacionais. Porque não refazer Portugal B (jogava os jogos em casa em Rio Maior) e testar diferentes jogadores? Uma mistura de juventude (Carlos Mané, Marcos Lopes, Ricardo Vaz Tê, etc) com experiência (José Fonte, Ricardo Carvalho, Tiago, Manuel Fernandes, entre outros), resultando daí bons resultados para a Selecção AA. Não é começarem a chamar jogadores aleatoriamente (tipo Mano Menezes que em dois anos convocou mais 100 jogadores para o Brasil – link http://tribunadoceara.uol.com.br/esportes/selecao-brasileira/quem-convocou-mais-jogadores-dunga-mano-menezes-ou-felipao), mas sim convocar os que através de uma análise série e cuidada por parte de uma equipa de visualização de jogos (como Mourinho e Villas-Boas fizeram e acredito que ainda o fazem) tiverem resultados bons, eficazes e competentes. Adrien Silva foi um desses casos, duas boas épocas, uma pela Académica e outra pelo Sporting, ditavam que deveria ter sido chamado para o Mundial de 2014. Outro caso, na minha opinião, é o de José Fonte, titular no Southampton, patrão da defesa, em grande forma, poucas ou nenhumas lesões, muito consistente, contudo nunca foi chamado à equipa das Quinas. Porquê? Isso Paulo Bento, e o restante gabinete técnico têm de explicar. Porquê convocar Ricardo Costa? A questão não é a idade, mas sim a sua escolha para carreira profissional, que passou a ser no Qatar (alguém sabe se o campeonato local já começou?) não tendo ritmo e dinâmica para estar na selecção. É fundamental criar uma National Pool (em jeito de Football Manager) séria, cuidada e livre de influências externas que ditam quem deve representar ou não a Selecção portuguesa.

São duas questões importantes e que deviam ser abordadas na hora de discutir o contracto com o novo seleccionador nacional, numa tentativa de evitar a repetição do Mundial de 2002 e de 2014.

Visão do Leitor (perceba melhor como pode colaborar no VM aqui!): Francisco Isaac

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