Sevilha vence Liga Europa; Beto, Carriço e Figueiras aumentam o jejum dos encarnados que dura há 52 anos; Benfica teve oportunidades clamorosas mas deixou o jogo correr até às grandes penalidades e perdeu pelo 2º ano consecutivo no jogo decisivo (dificilmente as águias voltam a defrontar um adversário tão acessível numa final europeia)

Sevilha 0-0 Benfica (4-2 após grandes-penalidades)

E a maldição continua. O Benfica perdeu a final da Liga Europa nas grandes-penalidades diante do Sevilha, agravando ainda mais o jejum de que perdura há 52 anos, desde a última conquista de uma competição europeia. Os encarnados, durante os 120min, foram os donos das melhores oportunidades de golo (algumas delas foram até falhadas de forma clamorosa), mas a forma como deixaram a decisão arrastar-se até aos penáltis (os andaluzes, a partir de um certo momento, foram completamente inofensivos) acabou por determinar mais um desaire da final da Liga Europa, pelo 2.º ano consecutivo. O jogo foi manifestamente fraco (houve muito desgaste pela forma como o jogo se partiu), a exibição dos elementos de Jorge Jesus esteve longe do esperado e fica a ideia de que muito dificilmente o Benfica volta a disputar uma final de uma competição europeia com um adversário tão acessível. Nos andaluzes, destaque para a conquista de Figueiras, Carriço e Beto - que segurou a igualdade e foi decisivo nos penáltis.

No que diz respeito à partida, os primeiros minutos foram traduzidos com um Benfica mais pressionante, com a equipa de Unai Emery mais empenhada em sair rápido aquando da perda da bola dos encarnados. Pouco depois, os andaluzes ganharam algum ascendente, com Rakitic e Bacca em destaque. Já depois de Almeida ter rendido o lesionado Sulejmani, 3 grandes oportunidades para as águias. Maxi permitiu a defesa de Beto, Rodrigo não decidiu bem em boa posição e Gaitán, perto do intervalo, não teve forças para desviar para o 1-0. Na 2.º parte, mais chances para o Benfica. Num lance impressionante, Lima e Rodrigo complicaram e levaram os adeptos portugueses à loucura. O Sevilha tinha já grandes dificuldades em construir jogo, mas Reyes e Bacca criaram perigo junto de Oblak. Na recta final dos 90' - com os espanhóis já de rastos -, Garay teve 2 boas oportunidades mas Beto permaneceu imbatível. No prolongamento, houve mais esforço dos jogadores do que cabeça. Mesmo assim, Bacca e Lima estiveram muito perto de desfazer a igualdade (o colombiano - de trivela - desperdiçou em boa situação). Nas grandes-penalidades, Beto defendeu 2 penáltis (Cardozo e Rodrigo) e foi o herói da partida, com Gameiro a marcar o remate decisivo.

Destaques:

Rakitic - O melhor jogador da final. Tudo o que fez, fez bem. Foi o patrão da equipa e demonstrou uma classe enorme na saída de bola, conseguindo sempre descobrir a melhor linha de passe. Um prémio justo para um dos melhores médios do futebol europeu nesta temporada.

Sevilha - A sorte esteve do lado do emblema espanhol (pelo que fez durante os 120 minutos não merecia ter conquistado esta final). Beto foi o herói e um dos principais responsáveis pelo triunfo nesta Liga Europa (quem acompanha os posts do VM para o Mundial não fica surpreendido). Mas apesar dos espanhóis possuírem alguns elementos acima da média, são mais as limitações que as virtudes, principalmente a nível defensivo (Carriço, Fazio e M’Bia são jogadores fraquíssimos na construção e que cedem facilmente quando são pressionados, algo que não foi devidamente explorado pelo Benfica). Até Moreno, que é um excelente lateral esquerdo, tremeu bastante. Do meio campo para a frente, há mais qualidade. Rakitic é um jogador à parte e Vitolo foi um dos mais activos, embora tenha pecado no capítulo da decisão. Bacca fez um jogo fraco, demonstrando algumas lacunas técnicas e não conseguindo fazer a diferença na finalização.

Jorge Jesus - Não foi um jogo "à Jesus". Equipa demasiado inconsequente no processo ofensivo: falhou muito na tomada de decisão e sem a intensidade habitual. Sendo certo que Enzo, Salvio e Markovic fizeram falta, fica a ideia que os encarnados podiam ter feito muito mais (o Sevilha foi dos adversários mais acessíveis da época). Faltou explorar melhor a 1ª fase de construção dos espanhóis (Carriço, Mbia, Pareja e Fazio são muito limitados tecnicamente) e até ser mais astuto a partir do banco. JJ tirou criatividade ao meio campo quando subiu Maxi, e no prolongamento tinha feito sentido colocar Djuricic (Gaitán estava esgotado, André Gomes foi sempre um "perigo" para a própria equipa quando iniciava o ataque). Mas como depois das partidas é fácil falar o que fica para a história é a 2ª derrota consecutiva das águias numa final europeia (Jesus continua sem acrescentar um título europeu ao seu currículo) e a certeza que os encarnados não vão fazer o pleno (vamos ver as consequências deste jogo para o final da Taça).

Benfica - Os encarnados não guardaram o melhor futebol para o jogo mais importante da época mas fizeram mais do que suficiente para ganhar a Liga Europa. Tiveram mais oportunidades, mais remates, mais cantos, o domínio do jogo, mas pecaram muito na finalização e não "mataram" o jogo na altura devida. Lima esteve particularmente perdulário, Rodrigo (que perdeu algum gás neste final de época) também esteve melhor. Gaitán foi outro elemento algo escondido (não espalhou a magia habitual). E sendo certo que a dupla Luisão-Garay voltou a apresentar um nível muito elevado (Oblak também disse sempre presente), os outros sectores falharam. Os laterais esticaram pouco o jogo (a entrada de André Almeida condicionou), e no meio campo André Gomes esteve longe de fazer esquecer Enzo Perez. O médio português cometeu erros graves na saída de bola, nunca conseguiu assumir o jogo muito menos dar a dinâmica que EP costuma oferecer.

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