Quantidade e qualidade aliadas, problema?

Luiz Felipe Scolari afirmou há poucas semanas, e em tom de brincadeira, que não se importava de trocar a sua “mão-de-obra” com a de Paulo Bento. Interessante, é certo. Palavras de quem, de facto, tem sérias dores de cabeça para construir o seu onze base. Mas sejamos sérios, quem abdicaria desta relação qualidade/quantidade?

Na defesa, Miranda, que esta época tem sido um dos 4/5 melhores centrais na Europa, nem é considerado, e Felipe Luís continua a ser preterido em detrimento de Marcelo. Mas é no meio campo que estão as principais dúvidas de Scolari para o 11 que vai apresentar no Mundial 2014. Só para o duplo-pivot do miolo do terreno, Felipão tem a difícil missão de escolher entre quatro jogadores para duas posições. Luiz Gustavo e Paulinho têm sido os titulares, mas Ramires e Fernandinho apresentaram um nível superior em 2013-14. O médio do Wolfsburgo é, de entre os 4 elementos, o que mais se distingue dos outros por ser o único "trinco puro". Aliado a isso, é legítimo afirmar que o jogador de 26 anos apresenta bons recursos técnicos para a posição que ocupa e sabe e gosta de ter bola, principalmente na saída para o momento ofensivo. Contudo, é de todos, o que apresenta menos intensidade em campo. É usual ver o brasileiro muitas vezes retardar o jogo e temporizá-lo em demasia e isso pode servir um pouco de antítese ao estilo de jogo rápido da Canarinha. O que poderá levar a que Scolari aposte em Fernandinho, um médio defensivo mais de construção que este ano num duplo pivot esteve a grande nível na Premier League, Para box-to-box a luta é entre Paulinho e Ramires. O médio do Tottenham é o que tem levado o aval constante de Felipão, mas e apesar de nunca ter descurado na Seleção, no seu clube o cenário é outro. Depois da excelente campanha que realizou na última Taça das Confederações (algo que pode pesar na escolha) as expectativas eram enormes para ver o que ex-Corinthians poderia fazer no meio campo dos Spurs, e a verdade é que o jogador defraudou em todos os cenários. Pareceu sempre perdido em campo, não fez uso das suas características no decorrer dos jogos e até deu a ideia de não ser suficientemente creditado para fazer parte do 11 titular. Porém, pese embora as críticas constantes dos adeptos do Tottenham, Paulinho é um médio extremamente completo e pode, com confiança aderida e incutida, mostrar-se a bom nível neste Mundial, pois bate por larga margem Ramires e assume-se como o «volante» com mais técnica com bola. Mais importante ainda, tem nos seus pontos fortes características essenciais para o modelo de jogo de Scolari: o transporte de bola e a facilidade de chegar ao último terço do campo e criar perigo para a baliza adversária (o facto de ter uma carreira construída no Brasil também é algo que os brasileiros levam em conta). No entanto, Ramires, que tem sido um dos elementos mais importantes no Chelsea de Mourinho ao longo da temporada, goleou o seu "rival" esta época. Na mesma Liga foi manifestamente melhor, demonstrou mais qualidade, regularidade, e com a alma que empresta ao jogo foi mais decisivo.

Algumas dúvidas, mas na teoria não faz muito sentido se Scolari, apesar de ser um seleccionador de ideias fixas, ignorar a boa época de elementos como Miranda, Felipe Luís, Fernandinho e Ramires a favor de jogadores que pouco produziram em 2013-14. Mas, no final de contas, resumimo-nos há mesma questão que está no âmago do texto, porque ter opções de topo no banco não é para qualquer um. É caso para perguntar, quantidade com qualidade será um problema ou ainda há treinadores com sorte?

Visão dos Leitores (perceba melhor como pode colaborar no VM aqui!): Luís Rafael, Luís Borges e Natan Fox

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