Visão do Leitor: Formar ou não Formar...Eis a questão!

Armindo Tué Na Bangna, dando a conhecer-se pelo epíteto de Bruma é a mais recente controvérsia no mundo da formação leonina. É necessário analisar a história pregressa e o percurso realizado por este atleta desde um simples rapaz anónimo até preencher capas de diários desportivos dia sim, dia sim. Numa análise a frio e sem descurar o enorme potencial do jogador em questão, o fenómeno Bruma resume-se a um conjunto de circunstâncias factuais, a conjuntura económica do clube, a necessidade de encontrar soluções internas após a revolução de Inverno, em que saíram uma panóplia de jogadores, a dança de treinadores e um senhor do futebol, Jesualdo Ferreira que tem na condução de jovens talentos o seu zénite, traduzindo-se estes factos em 13 presenças na equipa A e 1 golo por parte do jogador.

Este intróito serve apenas para sustentar a minha tese. Será legítimo um jogador júnior, que tem um aparecimento repentino fazer as exigências que tem feito para com o Sporting, a instituição que lhe deu tecto e comida, que investiu na sua educação, e que apostou no seu potencial desportivo?

Fazendo fé nos média desportivos, temos que o Sporting oferece um salário dez vezes superior ao salário corrente, no entanto o atleta exige a compensação de 1 milhão de euros como prémio de assinatura. Não está em causa a justiça do valor, a questão é a obscenidade com que um jovem de 18 anos ou melhor os seus empresários que após três meses de equipa A exigem um valor desta ordem.

Começo agora a perceber o porquê do deserto! O deserto pelo qual o jogador português e as equipas de formação portuguesas atravessam. É financeiramente desvantajoso para um clube, pegar em adolescentes de 12-13 anos, formá-los até aos 18-19 anos, correr riscos ao lança-los e após 6 meses perder todo o investimento de anos. Esta necessidade do jogador português de ambicionar “ dar o salto” prematuramente, reflecte-se por um lado nas enormes perdas económicas de clubes formadores e por outro a perda de valores individuais que possam municiar as selecções nacionais.

É fácil compreender então o novo paradigma dos clubes portugueses, comprar jogadores de mercados emergentes (Europa do Norte, Europa do Leste, Américas, etc), com idades entre os 20 e os 23 anos num nível de formação avançado e potenciar de modo a obter mais- valias, eliminando todos os custos e riscos durante os períodos críticos de formação.

Para concluir deixo 3 questões, que na minha óptica merecem atenção: Estas atitudes de jogadores fomentam a descrença e o desânimo nos clubes formadores? Como é que clubes formadores diminuídos financeiramente poderão enfrentar os desígnios do dinheiro e as saídas prematuras? Será justo o valor irrisório que a FIFA atribui aos clubes formadores?

Visão do Leitor (perceba melhor como pode colaborar no VM aqui!): Alexandre Lourenço Rodrigues

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