Cesc Fàbregas, de melhor médio da Premier League e rótulo de um dos 15 melhores jogadores do Mundo para um estatuto de jogador secundário

Ninguém duvide, Cesc Fàbregas era titular indiscutível em todas as equipas do Mundo, menos numa: no Barcelona. Técnica, visão de jogo, intensidade (demonstrou isso no Arsenal), qualidade na finalização (na selecção até joga como avançado) e na maneira como consegue fazer posse de bola (que falta faz ao Real um jogador com esta virtude, capaz nos jogos "grandes" de temporizar, sair das zonas de pressão e controlar o jogo), um médio quase perfeito que devido a uma má opção de carreira está a acusar a frustração, parece ter perdido os seus indicies competitivos e neste momento não é mais que um elemento secundário no contexto do seu clube e até em termos mundiais.

Depois de um regresso à Catalunha a fazer lembrar um "conto de fadas", Cesc Fàbregas vive, hoje em dia, o pior momento da carreira a nível pessoal. Más exibições - o facto de ter jogado várias vezes como falso 9 também não ajudou - presença assídua no banco, o espanhol começa mesmo a ser criticado pelos próprios adeptos. "Os adeptos do Barcelona são mais exigentes comigo do que com outros jogadores. Cada jogo mau que faço retrocedo dez bons que tenha feito", confessou recentemente o jogador de 25 anos. Um cenário que em nada se adequa ao seu talento e trajecto.

Resgatado por Arsène Wenger nas camadas jovens do Barça, assumiu a titularidade nos "gunners" com apenas 17 anos e nunca mais parou. Evolui o seu jogo junto a grandes nomes do futebol mundial, como Thierry Henry, Dennis Bergkamp ou Robert Pirès, e rapidamente se tornou o líder da equipa. A classe que apresentava a intensidade que emprestava ao jogo fez do espanhol não só o capitão do Arsenal, como a grande figura e símbolo do clube. Além disso assumiu o estatuto de melhor médio da Premier League, mesmo com a concorrência de Steven Gerrard, Frank Lampard ou Scholes. Em termos mundiais nos últimos anos (à excepção de 2012) figurou sempre entre os 20 finalistas à Bola de Ouro (em 2007 com apenas 20 anos ficou em 8º lugar). O futebol é tão irónico, que no Mundial 2006 apesar de ter apenas 19 anos e ser 3 anos mais novo que Iniesta, foi mais utilizado que o seu actual companheiro. Depois veio o tiki-taka de Guardiola e tudo mudou. De previsível figura maior da La Roja, passou a ser o eterno sucessor de Xavi sem conseguir ganhar o lugar de indiscutível na selecção (pelo menos no meio campo). Mesmo assim, e, após 8 anos em Londres, onde o centrocampista, apesar de ter conduzido sempre o conjunto de Wenger a fases adiantadas da LC, apenas conquistou uma FA Cup e uma Taça da Liga, optou pelo regresso a Camp Nou (teve outras possibilidades). Na altura custou 40 milhões de euros, era indiscutivelmente um dos 15 melhores jogadores do Mundo e na teoria tinha tudo para cimentar a sua posição nos catalães num tridente fantástico juntamente com Xavi e Busquets, libertando Iniesta para terrenos mais adiantados (lado esquerdo do ataque), no entanto à semelhança do que acontece na La Roja, pelo menos até ao momento, isso não aconteceu. Perde o espanhol (seria figura em qualquer equipa), e perdem os adeptos (Fàbregas era dos poucos que conseguia rivalizar com a qualidade do Barcelona ao nível da criatividade, construção e posse de bola)...esperamos é que o médio não se perca de vez (está numa curva descendente, perdeu relevância, é notória a sua frustração e parece eternamente condicionado pela ideia de que um dia vai suceder a Xavi).

Visão do Leitor (perceba melhor como pode colaborar no VM aqui!): Ruben Silva

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