Sporting B: Uma das melhores gerações sub-19 dos últimos anos do futebol português; A maneira como vão aproveitar este "trampolim" será decisiva não só no clube leonino como na própria selecção nacional

Parece claro que o plantel que lidera, para já, a Liga Orangina, é o que apresenta maior potencial entre as equipas B. Não é certo que vença a competição (também não é esse o propósito das equipas satélite), mas é um elenco recheado de jogadores talentosos (a melhor geração de sub-19 dos últimos anos de Alcochete e mesmo do futebol português), com capacidade para vencer qualquer equipa e no futuro vingar na liga principal, seja ao serviço do Sporting ou de qualquer outro emblema. O técnico Oceano Cruz (coadjuvado por José Dominguez) tem apresentado um 4-3-3 de muita posse de bola, sistema que beneficia as características dos seus jogadores (médios e extremos habituados a actuar assim nos escalões de formação) e até ao momento a conjugação entre resultados e evolução da equipa tem sido positiva. Veremos se estes elementos, que venceram o campeonato de juniores na época passada e foram aos quartos-finais da NextGen (quase todos já detalhados pelo VM há um ano, ler aqui), praticamente é base da selecção sub-19 que estará presente no Mundial Sub-20 do próximo ano e irá tentar na próxima qualificação dos sub-21 marcar presença nos JO de 2016, vão ter as devidas oportunidades na I Liga (a afirmação dos mesmo iria beneficiar o Sporting, clube necessitado de lançar bons activos, e a própria selecção nacional, que está prestes a necessitar de uma renovação), talento para serem referências no futebol português tem de sobra (Bruma e João Mário, mesmo nesta fase, já nada devem em termos técnicos, e no caso do 2º a nível de maturidade competitiva, a muitos jogadores que actuam na Liga Zon-Sagres).

Guarda-Redes: Na baliza a titularidade parece entregue a Vítor Golas, que funcionará também como 3º guarda-redes da 1ª equipa. O brasileiro já demonstrou ter talento, mas comete ainda algumas falhas (principalmente ao nível da concentração e leitura de jogo), os seus 21 anos permitem que ainda evolua. Luís Ribeiro, que foi titular na 2ª metade da época passada pelo Camacha, é a alternativa. Veloso (titular da selecção nacional de sub19) devia ser o nº 2 mas está numa situação contratual delicada (pode renovar ou sair a custo zero).
Lateral Direito: Com a "despromoção" de Santiago Arias para esta equipa (pouco compreensível dada a sua qualidade, em termos ofensivos até oferece mais soluções que Cédric), existem garantias de qualidade no lugar. A alternativa é Ricardo Esgaio, que tem actuado como extremo direito. 
Lateral Esquerdo: Mica Pinto é o dono do lugar. Campeão nacional de Juniores 11/12 tem aqui (até por não ter concorrência) uma excelente oportunidade para evoluir. Jogador muito semelhante a Insúa (ler aqui). Chula deve ser a alternativa.
Defesa Central: O único indiscutível é Pedro Mendes, patrão da defesa e capitão da equipa. Tem características físicas, técnicas e até de liderança muito interessantes, mas peca ainda pelo excesso nas suas acções (acredita que em termos de desarme, antecipação e saída de bola é perfeito, quando ainda tem muito para evoluir).  Tiago Ilori, que na época passada já actuou pelos seniores, tem feito a dupla com o sub-21 nos últimos jogos (peca por ser irregular e algo "tímido" na abordagem ao jogo, mas tem características únicas para esta posição). Eric Dier, central inglês ainda em idade júnior, até ao momento tem sido a 3ª opção (mas certamente irá ter as suas oportunidades, aliás esta é uma posição onde se espera que haja uma grande rotatividade). Uma das maiores promessas do futebol britânico, muito forte no jogo aéreo e posicionamento, em termos de mercado no futuro poderá ser um activo mais interessante que os 2 portugueses. Por último, o também júnior Tobias Figueiredo, que foi titular nos primeiros jogos, devido à NextGen voltou a ser opção na equipa de Juniores (deverá rodar entre a formação e a equipa B). Apesar da sua evolução ter sido afectada por uma grave lesão (quando passou dos juvenis para os juniores) é muito forte no jogo aéreo, agressivo, tem um bom timing e características muito semelhantes a Bruno Alves. Curiosamente os 4 centrais da equipa B são totalmente diferentes dos da A, ao contrário dos que estão à disposição de Sá Pinto, são todos muito altos, fortes no jogo aéreo e com uma capacidade interessante para fazer posse de bola. Fabrice Fokobo (outro ainda com a idade de júnior) também pode ser opção neste sector.
Médio Defensivo: Oceano tem ocupado esta posição com um jogador mais forte tecnicamente e que seja forte na construção. Zezinho tem sido o titular, ele que já tem experiencia de Orangina depois da sua passagem pelo Atlético. O internacional AA pela Guiné (apesar de no passado ter sido mais um 10 do que um 6) tem dado continuidade ao que Agostinho Cá fazia nos juniores, e nestes primeiros jogos tem enchido o campo com a sua capacidade em fazer posse de bola e circular o jogo. Fabrice Fokobo, jogador camaronês que já tinha estado na Europa a representar o Panathinaikos e que deu óptimas indicações no jogo de apresentação frente à Académica, é uma das alternativas. É um elemento com características mais de trinco do que propriamente de médio defensivo construtivo. Outro jogador que também pode fazer esta posição é Júlio Alves, jogador recém-contratado que pode dar mais força física à equipa comparativamente a Zezinho, e ainda Kikas (uma antiga promessa de Alcochete que esteve na época passada no Real Massamá).
Médio Centro: Um dos interiores da equipa será sempre João Mário, melhor jogador da equipa e que com apenas 19 já demonstra uma maturidade e qualidade técnico-táctica muito acima da média (pode ser também o 6 ou o 10). Júlio Alves e o próprio Zezinho são as alternativas, não será surpreendente, que com a lesão de Chaby, actuem os 3 ao mesmo tempo.
Médio Ofensivo: Chaby, apesar de ser ainda júnior, foi o mais utilizado nesta posição nos primeiros jogos, mas lesionou-se e deve ficar afastado da competição até 2013. É um médio com muita classe, raro no futebol actual devido à maneira como joga de cabeça levantada. Lucas Patinho, que está em Alvalade por empréstimo do Fluminense, poderá aproveitar a ausência da jovem promessa portuguesa. No entanto o mais provável é que o internacional esperança pelo Brasil seja ultrapassado por um 3º médio (Kikas ou Júlio Alves) ou por um avançado (Oceano poderá voltar a apostar em Rubio e Betinho ao mesmo tempo).
Extremos: No lado direito o titular tem sido Ricardo Esgaio (Rubio também já foi utilizado nessa posição como uma espécie de falso ala), jogador muito inteligente no plano táctico e que aliado à sua técnica com bola poderá ser o contraponto do lado esquerdo onde aparece Bruma, elemento muito forte no drible e na velocidade, que no plano desportivo e principalmente financeiro poderá ser a principal referência do Sporting nos próximos anos. Curiosamente ainda é júnior. Como alternativas surgem o pequeno e muito talentoso Iuri Medeiros, que apesar de ainda estar em idade júnior poderá já este ano à semelhança de Bruma saltar para a “ribalta” pela sua velocidade e capacidade de desequilíbrio no 1x1. A 4ª opção parece ser Jorge Chula, que como sénior ainda não conseguiu confirmar a qualidade que fez com que o Porto em 2007 o fosse buscar ao Braga. Ruan Yang e Nii Plange são igualmente opções para os corredores.
Avançado Centro: A titularidade tem recaído ou para Rubio, que ao que tudo indica fará a sua época entre a equipa B e a equipa A, ou Betinho, um finalizador nato que fez muitos golos na época passada pelos juniores (tanto no campeonato como na NextGen). Com a lesão de Chaby será natural que joguem mesmo em simultâneo em algumas partidas. O chileno é mais esforçado, combativo, e oferece mais jogo à equipa, mas o português (apesar de aparecer pouco, não ser propriamente um elemento muito dotado em termos físicos e técnicos) tem um instinto fora do normal, faz lembrar Inzaghi pela maneira como finaliza e está sempre no sitio certo. Etock tem sido a 3ª opção para o ataque. É mais potente que Rubio e Betinho, até apresenta características físicas que podiam fazer com que tivesse uma adaptação mais rápida ao futebol sénior que o português, mas estranhamente tem tido poucos minutos. Sunil Chhetri e Nii Plange são as alternativas.

Em suma um plantel que interpreta da melhor maneira o que deviam ser as equipas B. Oceano tem apostado num 11 com uma base de jogadores portugueses (por norma 8 na equipa titular), jovens (muitos ainda júniores de 2º ano) e que no caso do Sporting tem uma importância redobrada, não só pela filosofia do clube leonino (aposta na formação), mas também porque há a necessidade de valorizar tudo o que esta geração pode oferecer (e a qualidade de muitos destes elementos é evidente). O elenco com mais potencial (não sendo obrigatoriamente o melhor) entre as equipas B? O que poderá conseguir este Sporting B na II Liga (é o mais forte candidato ao 1º lugar)? E no que diz respeito aos jogadores, quem poderá chegar mais cedo à equipa principal dos leões? Quais as principais promessas deste plantel? João Mário e Bruma já mereciam uma oportunidade no conjunto de Sá Pinto?

Rúben Pinheiro

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