Arsène Wenger completa hoje 16 anos ao serviço do Arsenal; Francês está há 7 anos sem conquistar um título mas continua a ser um dos melhores do Mundo

Faz hoje 16 anos que Wenger assinou contrato com o Arsenal. Histórico, pouco habitual no futebol actual e apenas mais um marco na carreira do francês que revolucionou a Premier League com a sua filosofia, estilo de jogo, visão de mercado e métodos de treino. Muito do que é hoje o campeonato inglês se deve ao técnico de 62 anos que chegou a Londres no dia 28 de Setembro de 1996: menos rigidez táctica, menos futebol físico e mais espaço para os jogadores não-britânicos. Venceu 11 títulos nos Gunners, chegou à final da Liga dos Campeões (competição onde tem estado sempre presente mesmo com orçamentos inferiores aos rivais da Premier League), recusou o Real Madrid, Barcelona, PSG e a selecção francesa, não conquista qualquer troféu há 7 anos, mas em termos técnicos e classe que apresenta continua a ser um dos 5 melhores do Mundo.

Nos últimos 10/15 anos duas equipas superaram toda a concorrência em termos de qualidade futebolística, futebol atractivo, ofensivo, de posse, ou seja no fundo foram os que mais prenderam as atenções dos amantes deste desporto: o Barcelona e o Arsenal de Arsène Wenger. É inegável a actual situação dos Gunners e a realidade preocupante de vários anos consecutivos sem ganhar qualquer título (o dinheiro investido no Man Utd e Chelsea muito contribui para isso), no entanto a maneira como Wenger apresenta uma equipa com um futebol espectacular tendo como base jogadores jovens é notável. É preciso muita qualidade para o conseguir fazer com sucesso, e o francês é um dos melhores do mundo nesse departamento. Ao contrário de clubes como Manchester City, Chelsea e Man Utd que gastam ao desbarato, Wenger por opção ou por o Arsenal apresentar uma menor frescura financeira em relação aos rivais, apostou de maneira regular em contratações pouco sonantes, potenciando-as com o tempo. Exemplo disso foi Nicolas Anelka, que chegou a Highbury Park por 600 mil euros para, dois anos depois, ser vendido ao Real Madrid por 28,5 milhões de euros. E foi com transferências de jogadores pouco conceituados na altura, como Patrick Vieira, Cesc Fabregas, Van Persie ou Kolo Touré, que o francês de 62 anos conquistou, ao serviço do Arsenal, três Premier Leagues (incluindo uma época de sonho em 2003/2004, ao terminar sem qualquer derrota), quatro Taças de Inglaterra, enquanto disputou uma final da Liga dos Campeões e outra da Taça Uefa. Apresenta-se como um treinador defensor de investimentos a longo prazo e os frutos estão à vista, embora não sejam maiores devido ao "doping financeiro", que o próprio já referiu algumas vez, que tirou Nasri, Fabregas, Clichy, entre outros das fileiras do Arsenal. Mesmo com os poucos títulos que conquistou nos últimos anos, foi considerado o 2º melhor treinador deste século à frente de Mourinho (3º), Capello (4º) e Hiddink (5º), algo que certamente está relacionado com a sua inegável capacidade de potenciar jovens jogadores, dando-lhes espaço e possibilidade de se afirmarem como foi o   caso de Vieira, Henry e Weah no passado, Fabregas (o espanhol estreou-se no Arsenal aos 16 anos) Walcott e Wilshere no presente. Um treinador fortíssimo nos aspectos técnicos que alia a isso uma postura digna, correcta, que nos dias de hoje já é algo raro. As condicionantes do futebol actual (cada vez mais escravo do poder financeiro) parecem estar contra o francês, no entanto, e mesmo com orçamentos inferiores Wenger ano após ano tem demonstrado a sua valia interna e externamente (sempre prestações dignas na LC, aliás com a própria concorrência que tem na Premier League conseguir ficar sempre nos lugares de acesso à principal prova europeia já é notável). Conseguirá Wenger voltar a conquistar a Premier League ao serviço do Arsenal? Se ignorássemos o factor pontos/títulos e o que tivesse em conta fosse a qualidade futebolística é justo afirmar que Wenger é o melhor treinador do Mundo dos últimos 20 anos? Esta época com Carzola a 10, Podolski na frente e o regresso de Wilshere conseguirão os Gunners regressar aos títulos?

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