Mais formação nacional, menos estrangeiros!

Ao longo dos últimos anos, o número de estrangeiros a jogar no principal escalão nacional tem vindo a aumentar de forma excessiva. Este ano fazem parte dos planteis das 16 equipas da Liga ZON-Sagres cerca de 264 estrangeiros, sendo que mais de metade são brasileiros (152). Os jogadores portugueses ainda têm maioria relativa (191 – 42%), no entanto, não seria surpresa esse valor ser reduzido já este Inverno.

Em comparação com as principais Ligas Europeias, Portugal fica claramente a perder quanto a aposta em jogadores nacionais. Em Espanha, 62% dos jogadores são espanhóis (301), enquanto que argentinos (38 – 8%) e brasileiros (22 – 4,5%) estão bastante longe. Em Itália, a mesma situação, com os italianos a dominarem (294 – 52%), bastante distante dos argentinos (45 – 8%) e brasileiros (39 – 7%). Em França, onde seria de esperar um grande peso dos jogadores africanos, os franceses levam clara vantagem, com 337 jogadores (61%), contra 22 jogadores brasileiros e senegaleses (4%). Na Bundesliga, os alemães estão em maioria (251 – 50%), com grande distancia para os brasileiros (24 – 5%). Na Holanda, os jogadores holandeses representam 59% dos planteis das 18 equipas (291), contra apenas 35 jogadores da vizinha Bélgica (7%). Na Ucrânia e na Rússia, os jogadores dessas nacionalidades também dominam nos planteis, no entanto, foi impossível apurar o número total de jogadores, porque os reservas também estavam incluídos na contagem. Apesar disso, os jogadores brasileiros nesses dois países representam apenas 6% e 2% do total de jogadores, formando-se como a 2ª nacionalidade mais representada. Dos principais campeonatos, sobra a Premier League, que será o caso que mais se assemelha a Portugal. Em Inglaterra jogam 246 jogadores ingleses, valor que em termos relativos fica abaixo do português (40%), no entanto, ao contrario do campeonato português, na Premier League não existe uma clara 2ª força como os brasileiros em Portugal. Nas 2ª e 3ª posições surgem os vizinhos da Rep. Irlanda (36 – 6%) e a França (33 – 5%), bastante longe do número de jogadores ingleses.

Analisando agora a 3ª jornada da Liga ZON-Sagres, verificamos que apenas Rio Ave, Sporting, Portimonense, Beira-Mar, Paços de Ferreira e Olhanense utilizaram 6 ou mais jogadores portugueses no 11 inicial das suas partidas:

Rio Ave – 10 portugueses
Sporting – 7 (mais Evaldo e Liedson – 9)
Portimonense – 7
Beira-Mar - 7
Paços de Ferreira – 6
Olhanense – 6
Académica – 5
Vit. Setúbal – 5
U. Leiria – 4 (mais Marco Soares – 5)
Vit. Guimarães – 3 (mais Ricardo – 4)
FC Porto – 3
Naval – 3
Nacional – 3
Benfica – 1
Braga – 1
Marítimo – 1

Em 176 jogadores possíveis, jogaram de inicio (contando com os jogadores de dupla nacionalidade), 76 jogadores portugueses (42%), contra 62 brasileiros, 13 do resto da Europa (7 franceses), 13 do resto da América do Sul (5 argentinos), 11 africanos e 1 asiático.

Soluções?

O blog Visão de Mercado sugere algumas soluções a aplicar pela Liga de Clubes, como forma a reduzir esta invasão de jogadores extracomunitários. As medidas são na nossa perspectiva realistas e de acordo com os padrões do futebol português. A saber:
- O número de inscrições na Liga ZON-Sagres fica fixado nos 27 jogadores, no entanto, desse número, pelo menos 5 jogadores terão que ter sido formados no clube (a mesma regra da UEFA: ter jogado pelo menos 3 anos no seu clube, entre os 15 e os 21 anos).
- Para equilibrar o número de jogadores portugueses no 11 inicial, sugerimos que obrigatoriamente em todos os jogos, as equipas coloquem 4 jogadores nacionais de inicio, como forma a que joguem pelo menos 64 portugueses no fim-de-semana desportivo. Esta medida, obrigaria os clubes nacionais a terem um plantel com pelo menos 10-12 jogadores nacionais, como forma de prevenir qualquer lesão ou castigo.
- Limitar as transferencias de jogadores do exterior para 8 ou 10 (desde que pelos menos 5 deles sejam internacionais por qualquer escalão de formação do seu país). Esta medida visa reforçar as trocas internas, fomentando a circulação interna do dinheiro e maior equilíbrio das contas dos clubes.
- Quanto à limitação de jogadores extracomunitários, consideramos essa medida um pouco xenófoba, preferindo a obrigatoriedade de utilizar jogadores nacionais, em vez de restringir a entrada de extracomunitários.

Em relação à II Liga, seria também razoável implementar a obrigatoriedade de inscrever mais jogadores portugueses (pelo menos 14 jogadores em 27, 5 jogadores da formação e 5 jogadores no onze inicial). Quanto aos escalões de formação, seria importante obrigar os clubes a utilizar pelo menos 8 jogadores nacionais no onze inicial, como forma de fomentar a formação de jogadores portugueses.

PS - Caso os 4 principais clubes nacionais utilizassem regularmente pelo menos 4 jogadores nacionais de inicio, formariam uma boa base de apoio para a selecção nacional, pois seriam 16 jogadores em competição acesa, quer na Liga Nacional, quer nas Competições Europeias. Quem ficava a ganhar era a selecção nacional!

PS (2) - Muitos leitores tem falado no modelo inglês e nos condicionamentos que o mesmo tem sobre o mercado de jogadores, contudo, a realidade financeira do futebol português não permite claramente a aplicação do mesmo em Portugal. E por isso optamos por este modelo mais realista.


Que medidas equaciona para uma melhoria do nosso futebol? O que acrescentaria ou retirava às ideias do Visão de Mercado para permitir evoluir a nossa Liga,  indirectamente ajudar o futuro da nossa selecção, e para dar mais condições ao jogador português?

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